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Clarificando o Conhecimento

Passadas as explicações preliminares, buscamos clarificar o Conhecimento, como componente da descrição da inteligência da humanidade. Para clarificar o processo da construção do Conhecimento naqueles que se propõem a isso se permitir; devem, reportar-se a algo que fizeram ou fazem cotidianamente. Tais ações correspondem a ler um livro, assistir a um filme, ir a uma peça de teatro ou assistir a uma partida de futebol, coisas do prazer; ou mesmo para aqueles que professam uma religião, ir à missa, assistir ao culto ou ler o seu livro sagrado. Quando iniciamos estas ações, o primeiro minuto é parte do tempo que mais demora a passar. Isso porque estamos recebendo informações atualizadas pelo nosso cérebro. Então, na medida que o tempo passa, menos nos apercebemos dele porque o nosso cérebro está processando as informações buscando antecipar as conclusões finais.

Na verdade, todos os minutos se passam na mesma intensidade de tempo. O nosso cérebro, com menos informações a processar e no estado de ócio, deixa se influenciar pelo tempo. Em síntese, a única dimensão que prova a nossa existência.

Na medida que o tempo passa criamos uma relação com essa dimensão que cada vez mais nos empurra para distante do início da especulação do Conhecimento. Criamos a falsa ideia de que há um passado, um presente e um futuro. Na verdade, só temos o presente, as informações pretéritas fazem parte de um conjunto de experiências que só têm validade no tempo presente. O tempo que virá, quando vivido, não se classifica como futuro, mas o presente de uma possibilidade trabalhada e sustentada por informações pretéritas.

A base de formação de todo o Universo, sustenta-se pela perenidade que só se manifesta naquilo como conhecemos. Isso ocorre nos reinos animal, vegetal e mineral. No reino mineral, susceptível de fluidez passada e futura, isto é, somente aqueles minerais que possam ser transformados inúmeras vezes. São excluídos, nesse caso, os minerais fruíveis e irreversíveis, como a água, o petróleo, o mercúrio, os radioativos, dentre outros. Os vegetais e animais não guardam as características da perenidade pela vulnerabilidade de suas composições.

A produção do Conhecimento é uma função própria do homem porque pressupõe a validação das informações sensoriais. A partir desse Conhecimento o homem cria mecanismos de difusão e perpetuação do que se conhece.

As formas primárias de difusão do conhecimento se manifestam, nos dias de hoje, onde tribos ainda não civilizadas e nem mesmo contatadas — como é o caso da Amazônia Sul-americana — utilizam a pintura rupestre como informação dos locais de caça, pesca e agricultura.

O Conhecimento da humanidade sobre o planeta em que vive é algo distante das potencialidades. Distante das informações disponíveis, dos acessos necessários à compreensão do ambiente, pois demanda compreensões sobre o ainda não compreendido. Requer maturidade para saber ler as informações do ambiente e sentir o que o planeta tem a dizer.

É necessário ao ser humano o nível de sensibilidade próprio daqueles cujo a transmissão do Conhecimento se faz pela via genética. É preciso ao ser humano algo não disponível em registros históricos e que no presente momento pela necessidade de digitalizar as informações, afasta-se cada vez mais da perpetuação da informação.

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O homem criou mecanismos para decifrar códigos antigos e se viu capaz de criar mecanismos de comunicações com gerações sucessoras. O homem criou máquinas para difundir o Conhecimento Criou os meios para perpetuar o conhecimento acumulado e transmissível de geração em geração. No entanto, o homem contemporâneo vem perdendo essa capacidade de transmissão do Conhecimento na forma física, quando cria mecanismos digitais de arquivo das relações sociais. Assim, o homem põe, à mercê das probabilidades, a perpetuação do Conhecimento. Perde-se o registro histórico, perde-se a história oral, perde-se a compreensão do mundo e retorna-se à barbárie.

O Conhecimento, por ser um processo que tem a capacidade de se transformar, aperfeiçoar, atualizar e reconstruir, precisa de ser constantemente alimentado. Seja pela especulação, pelo discurso, pela praxe, pela retórica, pelo proselitismo e principalmente pela negação como instrumento de controle da vaidade. O Conhecimento deve prover à sua existência que é fazer crescer a humanidade e não encontrar fora disso qualquer outra destinação.

O  Conhecimento não pode ser vaidade, aquele que busca o Conhecimento deve saber que é apenas um instrumento para o crescimento da humanidade. Deve compreender que aquilo que acumulou nada mais é do que a sua visão do problema, que ele não é essencial, o essencial é o Conhecimento, que o seu fim é criar condições para que outro desenvolva uma visão mais acertada, condizente, factível e necessária ao crescimento da humanidade naquele momento.

Dar a Conhecer é um exercício que encerra um conjunto de valores — próprio das relações entre os homens — e de virtudes próprias da relação entre aquele que almeja o Conhecimento e o Conhecimento que se estrutura.

O Conhecimento não é uma futilidade porque não é apenas uma questão de apropriação. É uma essencialidade, pois requer ser alimentado pelo prazer das construções e reflexões do pensamento. Requer que o ócio próprio de quem a ele possa contribuir não seja consumido por questões pessoais, mas por questões que busquem confortar a humanidade, que busquem criar alternativas para, de alguma forma, melhorar o ambiente que se vive, acima de tudo buscar um novo homem.

O Conhecimento não deve ser fruto do confronto. Deve ser fruto de um pensamento limpo, desprovido de raiva, ira, maldade. Deve ser livre de qualquer outra confrontante que leve à perda do senso crítico. Que influencie ou tencione distorcer o caráter de pureza que lhe permeia.

O Conhecimento não coloca em dúvidas a validade do que se pretende construir. Não se revela falho pela não observância de princípios construtivos da criticidade, da razoabilidade, da factibilidade e da aplicabilidade que se busca como acúmulo de informações preteridas validadas e condizentes com uma resposta propícia ao crescimento da humanidade.

O embate não constrói, ao contrário destrói o Conhecimento. Temos a obrigação de compartilhar o Conhecimento e a obrigação — não só moral, como também ética — de compartilhar como condicionante de crescimento e melhoria da humanidade.

Se nos deparamos com situações onde o interlocutor tenta distorcer a função do Conhecimento, devemos nos calar, não embater. Ouvir, não emitir juízo de valor, e esperar o momento certo de, novamente, compartilhar o pensamento. Assim, construímos pontes, para o perfeito entendimento da nossa explanação e, desse modo, ampliamos o crescimento do Conhecimento.

Entender a maneira correta de ler o ambiente e, de forma contínua, apropriar-se de informações necessárias ao Conhecimento é tarefa que requer paciência, calma, maestria, cruzamento de variáveis, construção de hipóteses, conhecimento pretérito e sensibilidade para definir o que efetivamente deve ser apreendido. As imagens não devem ser vistas sob o prisma da estática, mas do movimento. As imagens não podem ser apenas fotografias ou naturezas mortas, diferentemente disto. Devem transmitir fluidez; ser analisadas a partir do sentimento que conjuga todas as informações sensoriais. Precisam exprimir aquilo que só os viventes sabem sentir. Aquilo que só saboreia pelas belezas evidenciadas pelo Conhecimento. O que nos faz crescer; nos mostra algo inaudível, irretocável, imenso e simples,como deve ser toda forma de transmissão do Conhecimento.

Leia também:

Construindo a Descrição do Conhecimento

Validação do Conhecimento

A Aplicação do Conhecimento

O Tempo e a Validação do Conhecimento

O Conhecimento, a Descrição Teórica e Operacional e a Relação Tempo e Espaço

Conhecimento Consequente da Produção das Informações

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Sobre o(a) Autor(a):

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Carlos Alberto da Silva Santos Braga

Major PM Carlos Alberto da Silva Santos Braga, natural de Bom Despacho - MG é Aspirante-a-Oficial da Turma de 1987. Ingressou na PMMG no ano de 1982, no Batalhão de Polícia de Choque, onde fez o Curso de Formação de Soldados PM. É Especialista em Trânsito pela Universidade Federal de Uberlândia e Especialista em Segurança Pública pela Fundação João Pinheiro. Durante o serviço ativo como Oficial na PMMG - 1988 a 2004 - participou de todos os processos estruturantes do Ensino, Pesquisa e Extensão. Nos anos de 1989 e 1990 participou da formação profissional da Polícia Militar do então Território Federal de Roraima durante o processo de efetivação da transformação em Estado. Foi professor da Secretaria Nacional de Segurança Pública nos Cursos Nacionais de Polícia Comunitária. A partir de 2005, na Reserva da PMMG, trabalhou como Vice-Diretor da Academia de Polícia Integrada de Roraima - Projeto da SENASP - foi Membro do Conselho Estadual de Trânsito de Roraima, Membro do Conselho Diretor da Fundação de Educação Superior de Roraima - Universidade do Estado de Roraima, Coordenador do Curso Superior de Segurança e Cidadania da Universidade do Estado de Roraima. Foi Superintendente Municipal de Trânsito de Boa Vista, Superintendente da Guarda Civil Municipal de Boa Vista, Assessor de Inteligência da Prefeitura Municipal de Boa Vista e professor nos diversos cursos daquela Prefeitura. Como reconhecimento aos serviços prestados ao Município de Boa Vista e ao Estado de Roraima foi agraciado com o Título de Cidadão Honorário de Boa Vista - RR e com a Medalha do Mérito do Forte São Joaquim do Governo do Estado de Roraima. Com dupla nacionalidade - brasileira e portuguesa - no período de fevereiro de 2016 a outubro de 2022, residiu em Braga - Portugal onde desenvolveu projetos de estudos na área do Conhecimento. Acadêmico-Correspondente da Academia Maranhense de Ciências Letras e Artes Militares - AMCLAM.