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O Conhecimento, a Descrição Teórica e Operacional e a Relação Tempo e Espaço

O Conhecimento, por ser uma forma de compreensão do espaço que nos cerca e das transformações recorrentes neste espaço, a cada segundo requer uma nova validação. Isso decorre da capacidade adjacente ao pensamento que, compreendendo uma nova realidade, busca associar Conhecimento pretérito a essa nova informação. E cruzando as possibilidades decorrentes do novo problema – que se percebe existir – aloca a ele as possibilidades de respostas, estabelecendo hipóteses. Controla variáveis, afastando interpretações equivocadas e centra as inferências na multiplicidade de respostas possíveis e na possibilidade de acerto referente ao novo Conhecimento que se estrutura.

Ao trabalharmos uma nova hipótese – naturalmente e dentro do prisma de controle que tentamos impor ao Conhecimento acumulado – como condicionante de domínio da informação, mesmo que não se proponha a esse fim, o cérebro buscará formas de se manter acima da especulação. Construirá argumentos para contrapor a nova informação. Esse domínio do cérebro sobre o Conhecimento é a antítese do que buscamos discorrer até o presente momento. Em síntese, isso quer dizer que, é apresentada uma nova hipótese, de forma recorrente, nos colocamos na defensiva e não permitimos a especulação como possibilidade de acumulação do Conhecimento.

Desde o início do Conhecimento, o homem entende determinados fenômenos como verdades puras e imutáveis. Afasta hipóteses de compreensão de fenômenos físicos apenas pela negação e não pela capacidade de centrar as inferências na multiplicidade de respostas possíveis e na possibilidade de acerto referente ao novo Conhecimento apresentado.

Para comprovar a assertiva, vamos descrever dois fenômenos explicados pela física: uma viatura de rolamentos quadrados e as estações do ano. O primeiro, uma teoria do Conhecimento, que na descrição teórico-operacional, apenas comprova que o seu cérebro desconsidera as inferências na multiplicidade de respostas possíveis, simplesmente pelo fato de se ter, dentro da relação tempo-espaço, uma única hipótese como verdadeira – o rolamento redondo. O segundo, uma descrição tempo-espaço que, não demandando uma teoria, se tornou uma verdade, a partir de uma realidade construída, numa época em que o conhecimento gravitava em apenas um hemisfério do planeta Terra – as órbitas gravitacionais elípticas.

A física descreve o atrito como a possibilidade de deslocamento voluntário e controlado de um corpo – através de uma força motriz, o arrasto – onde o corpo empurra o planeta Terra para trás e o planeta Terra empurra o corpo para a frente, as forças de sentido contrário são percebidas por ocasião do deslocamento de qualquer ser sobre o planeta Terra. Você percebe isso claramente ao andar, a força motriz do seu corpo impele uma força de atrito que empurrando o planeta Terra para trás, é projetado para a frente pelo planeta e assim muda a sua posição no espaço, determinando um arrasto.

Quando falamos de viaturas, certamente, falamos de mobilidade, velocidade, engenharia, estradas, pedestres, animais, mas com certeza a única forma de rolamentos que nos vem à mente, são os rolamentos redondos, comumente conhecidos como rodas. Estamos falando de vias terrestres: rodovias e ferrovias, estamos falando de viaturas que se movem pelo atrito provocado entre o pavimento e o rolamento. Todas as viaturas que conhecemos têm rodas redondas, o contato entre a viatura e o pavimento, que ocasiona a impulsão da viatura se dá por um rolamento redondo, mesmo que não seja um pneu ou uma roda, ou ainda sendo uma sapata – próprio das viaturas militares e dos equipamentos de terraplenagem, são todos rolamentos redondos – o ponto de contato, em momento algum, sofre solução de continuidade, ou seja, sempre estão em contato com o pavimento ou com o ponto intermédio entre o pavimento e a roda: os caminhos de ferro.

Caso uma pessoa tente provar a possibilidade de um rolamento quadrado, refutamos de imediato, o Conhecimento de que dispomos e as verdades intrínsecas a esse conhecimento, nos determina a uma única hipótese de resposta: a impossibilidade. Quando assim agimos, agimos sem confrontar as possibilidades e com base em variáveis até então consideradas como o único Conhecimento possível, refutamos a hipótese pura e simplesmente. Conclusão: desconsideramos o Conhecimento e impomos a nossa verdade, impomos formas de nos manter acima da especulação e construímos argumentos para contrapor a nova informação, esse domínio do cérebro sobre o Conhecimento nos faz perder a coerência e a essência do Conhecimento, manifesta pela recepção de uma nova informação, uma nova variável, uma nova hipótese que nos permitirá especular de forma mais acertada.

Descrever de forma objetiva e clara aquilo que se apresenta como o referencial teórico e operacional de uma viatura com rolamentos quadrados é tarefa simples e também o é o seu entendimento. Rolamentos quadrados – não uma roda quadrada, até mesmo porque roda é redonda – mas rolamento que é uma descrição do corpo de arrasto entre a viatura e o pavimento, o ponto da viatura que empurrando o planeta Terra para trás, é empurrado por ele para a frente, redundando no deslocamento. Uma viatura com rolamentos quadrados, conceitualmente, como um caminho de ferro, necessita de especificações próprias, a via que recepciona uma viatura de rolamentos quadrados não é uma via concebida como estamos acostumados a perceber – uma via plana. Uma via, a ser utilizada por uma viatura com rolamentos quadrados, é helicoidal, ou seja, um pavimento semelhante a meias-circunferências, mais objetivamente, quando ensinamos uma criança a escrever num caderno pautado, onde ensinamos à criança a escrever a letra “m” onde a letra deve iniciar na base de uma linha ir até o limite da linha imediatamente acima, sem contudo a ultrapassar e de forma pausada e ininterrupta se mantém.

Agora, trazendo a imagem de se ensinar uma criança a escrever num caderno pautado, imaginemos vários tubos, de mesmo calibre, ou seja com as mesmas medidas de circunferências, que amarrando esses tubos, uns aos outros, sobre uma superfície, de tal forma que um tubo só se encosta nos tubos que estão aos lados direito e esquerdo, a parte de cima dos tubos, aquela parte que fica exposta, apresenta-se como a imagem mais clara e nítida da via destinada a uma viatura com rolamentos quadrados.

Uma vez formada a imagem da via em nosso cérebro, não devemos nos esquecer que ela guarda semelhanças aos caminhos de ferro no direcionamento do tráfego. Mas ao contrário dos caminhos de ferro e das rodovias – onde o tamanho da circunferência da roda pode variar, sem necessariamente comprometer o deslocamento da viatura – o que determina o tamanho do rolamento quadrado é a dimensão da meia-circunferência construída no pavimento dessa via destinada à viatura de rolamento quadrado. Ou seja, cada lado do rolamento quadrado terá exatamente o tamanho, na escala de medida que se usar – centímetros, milímetros, polegadas, etc – da metade de uma circunferência, pois assim não o sendo, não haverá impulso decorrente de atrito, uma vez sendo menor do que o tamanho da metade de uma circunferência, ficará presa na base de encontro entre duas meias-circunferências; e sendo maior, não tracionará, pois é necessário que o vértice de cada lado do rolamento quadrado encontre o espaço entre as duas meias-circunferências para tracionar e ser impulsionado para frente, deslocando-se.

Com certeza a descrição objetiva desse modelo teórico-operacional, proporciona um novo Conhecimento, mas ao mesmo tempo, ele nos remete a outro fenômeno físico, na dimensão tempo-espaço: as chamadas órbitas gravitacionais elípticas. Como na análise das viaturas com rolamentos quadrados, o nosso cérebro partiu da negação – pelo acúmulo de informações pretéritas que nos refutava outras hipóteses de enfrentamento de uma situação desconhecida, no caso daquilo que sempre foi considerado como uma verdade insofismável – as chamadas órbitas gravitacionais elípticas – uma nova oportunidade de enfrentamento do novo Conhecimento vai se construir.

Se perguntarmos a qualquer pessoa – partindo do princípio que a pessoa carrega informações pretéritas sobre o assunto – por que existe o verão e por que existe o inverno, ou seja por que temos uma estação de calor e uma estação de frio no planeta Terra, esta pessoa, sem hesitar, vai dizer que no verão o planeta Terra está mais próximo do Sol e no inverno o planeta Terra está mais distante do Sol. A resposta cabe perfeitamente, quando tal qual na situação de estática, descrita em outra oportunidade, levarmos em conta a resposta de uma pessoa fixa em determinado ponto do planeta Terra. Ainda, outra pessoa, no discurso sobre essa situação, poderia acrescentar que tal comprovação deriva do fato relevante, inerente à órbita do planeta Terra, dentro do Sistema Solar, classificar-se como elíptica. A resposta cabe perfeitamente, se levarmos em consideração a questão estática e os ensinamentos sobre a órbita gravitacional para justificar a proximidade ou a distância do planeta Terra em relação ao Sol.

Ambas as respostas se baseiam numa teoria que considera apenas a questão a partir de um hemisfério, tudo isso foi pensado, tratado, discutido e assimilado como ciência a partir da hegemonia do pensamento ocidental sobre ciência centrado na Europa. Esse conceito desconsidera aquilo, que até então, não era do conhecimento dos autores dessa teoria, a existência de um outro hemisfério, que vai colocar por terra todas as evidências que permitiram tal discurso.

As teorias físicas comprovam que do ponto de vista da concentricidade – dentro do Sistema Solar – o centro do planeta Terra, tende à coincidência com o centro do Sol, ou seja, a órbita gravitacional do planeta Terra tende a ser uma circunferência e não uma elipse. Mas como isso pode ser? Se for concêntrica, não sendo elíptica a órbita do planeta Terra, as temperaturas manter-se-iam constantes, onde é frio, seria sempre frio e onde é quente, seria sempre quente. A partir dessa comprovação de frio-frio e quente-quente, não se vai por terra a teoria da concentricidade? Afinal o planeta Terra apresenta ao longo das estações, temperaturas peculiares às diversas regiões do planeta com diferenças significativas e que efetivamente colocam improvável a teoria da concentricidade entre a Terra e o Sol e voltamos sem dúvidas à teoria das órbitas elípticas como determinante das estações no planeta Terra.

As teorias que comprovam a concentricidade também levam em conta a distância entre o observador no planeta Terra e o calor proveniente da radiação desencadeada no Sol, é assente e de conhecimento geral, que o planeta Terra está inclinado, em relação ao seu eixo, em 23.5° e dessa forma, somente a linha do Equador estaria na mesma posição de incidência de radiação solar, em forma de calor, durante todo o ano, ou seja, quando a inclinação do planeta Terra estiver com a porção referente ao Hemisfério Norte voltada para o lado do Sol, será verão no Hemisfério Norte e inverno no Hemisfério Sul e seis meses depois, quando o planeta tiver orbitado 180° graus em relação ao Sol, o contrário acontecerá, será inverno no Hemisfério Norte e verão no Hemisfério Sul.

Esse processo de orbitação do planeta Terra em relação ao Sol, se dá nessa inclinação e contemplando as teorias sobre ondas gravitacionais, essas informações que vão sendo agregadas na construção de um novo Conhecimento, impõe a nós a necessidade de construir mentalmente o modelo que se descreve. Na construção desse modelo, devemos observar que a inclinação do planeta Terra se dá em relação à sua órbita gravitacional, o planeta Terra não está inclinado em direção ao Sol, pois se assim o fosse seria a comprovação do frio-frio e quente-quente, ou seja, somente uma parte do planeta seria habitada pois a outra parte seria o frio eterno, obviamente que em determinada época o hemisfério norte se inclina ao Sol e em outra época o hemisfério sul se inclina ao Sol e isso comprova que o planeta Terra está inclinado em relação à sua órbita e não em relação ao Sol.

Continuando com a construção do modelo mental e agregando a ele as informações da inclinação do planeta Terra, que se apresenta em relação à sua órbita e direcionada a um ponto qualquer no espaço, acrescentando as variáveis que consideram o centro do planeta Terra concêntrico em relação ao Sol e agregando nesse mesmo discurso – distante em relação ao Sol no inverno e próximo em relação ao Sol no verão – as possibilidades de localização do homem em relação as sensibilidades do corpo e sua demanda por maior ou menor quantidade de roupa para se proteger das intempéries, com certeza no verão estamos mais próximos do Sol e no inverno mais distantes do Sol. Sim o homem, na sua posição estática pode dizer que o planeta Terra no inverno está mais distante do Sol e no verão o planeta Terra está mais próximo do Sol. Com certeza esta afirmativa é corroborada pela análise da posição do planeta Terra nessa órbita que se apresenta como circunferência e não elíptica.

A comprovação, pelas informações acumuladas e pelo modelo mental que se pretendeu construir, comprovam que a órbita do planeta Terra manifesta-se como circunferência e não como elíptica, porque é a única possibilidade possível de se explicar ao mesmo tempo, dentro do mesmo espaço físico o inverno e o verão. De outra forma – órbitas gravitacionais elípticas – como dizer que o planeta Terra no verão está mais próximo do Sol, sendo que o outro hemisfério está vivendo o inverno, ou como dizer que está mais distante do Sol, sendo que o outro hemisfério está vivendo o verão?

Não só isso vai explicar a inclinação do planeta Terra, um outro fenômeno físico a explica de forma ainda mais clara, esse fenômeno é a incidência de luz, ou seja o tamanho do dia, você percebe claramente que no verão o dia é maior e o oposto se observa no inverno, o que decorre da sombra do planeta Terra sobre os hemisférios. Se o Hemisfério Norte está inclinado para o lado do Sol e mais próximo dele, os dias serão maiores e as noites menores neste hemisfério e no Hemisfério Sul as noites serão maiores e os dias menores, quando o Hemisfério Sul estiver inclinado para o lado do Sol e por consequência mais perto dele, os dias serão maiores e as noites menores neste hemisfério e no Hemisfério Norte as noites serão maiores e os dias menores.

Nesta postagem sobre o Conhecimento, procuramos confrontar as informações pretéritas acumuladas ao longo do tempo, com o objetivo de comprovar a assertiva de que o seu cérebro desconsidera as inferências na multiplicidade de respostas possíveis, simplesmente pelo fato de se ter, dentro da relação tempo-espaço, uma única hipótese como verdadeira, a partir de uma realidade construída numa época em que o Conhecimento gravitava apenas em análises incompletas do ambiente. Desconsideravam-se a existência de outras potenciais informações ainda não decodificadas, compreendidas ou vividas, que não desqualificam o caráter revelador de quem as procurou construir, mas nos obriga a permanentemente construir pontes para avançar e aprofundar a maturação do Conhecimento.

Leia Também:

Construindo a Descrição do Conhecimento

Clarificando o Conhecimento

Validação do Conhecimento

A Aplicação do Conhecimento

O Tempo e a Validação do Conhecimento

Conhecimento Consequente da Produção das Informações

Respostas de 10

  1. Parabéns pelo texto. Muito esclarecedor e provocativo para continuidade de buscarmos sempre respostas à partir de observações.

  2. Carlogal virou Carlos Braga (viiiiiiiiiiiiiiichi).
    Muito bacana a teoria, gostei da nova roda esquisita também

    Valeu amigão que sabe tudo:'(

    1. Meu caro Valter Braga do Carmo, obrigado por compartilhar as ideias, não são minhas, pois pertencem ao Conhecimento.

  3. O texto é excelente . Ele nos provoca o raciocínio lógico e ao mesmo tempo nos intriga e nos leva em sua imersão a medida em que iniciamos a leitura.

    1. Celton Godinho de Assis, queira o Conhecimento que possamos continuar a busca do verdadeiro significado das transformações. Obrigado e se faça sempre presente nesse espaço virtual.

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Sobre o(a) Autor(a):

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Carlos Alberto da Silva Santos Braga

Major PM Carlos Alberto da Silva Santos Braga, natural de Bom Despacho - MG é Aspirante-a-Oficial da Turma de 1987. Ingressou na PMMG no ano de 1982, no Batalhão de Polícia de Choque, onde fez o Curso de Formação de Soldados PM. É Especialista em Trânsito pela Universidade Federal de Uberlândia e Especialista em Segurança Pública pela Fundação João Pinheiro. Durante o serviço ativo como Oficial na PMMG - 1988 a 2004 - participou de todos os processos estruturantes do Ensino, Pesquisa e Extensão. Nos anos de 1989 e 1990 participou da formação profissional da Polícia Militar do então Território Federal de Roraima durante o processo de efetivação da transformação em Estado. Foi professor da Secretaria Nacional de Segurança Pública nos Cursos Nacionais de Polícia Comunitária. A partir de 2005, na Reserva da PMMG, trabalhou como Vice-Diretor da Academia de Polícia Integrada de Roraima - Projeto da SENASP - foi Membro do Conselho Estadual de Trânsito de Roraima, Membro do Conselho Diretor da Fundação de Educação Superior de Roraima - Universidade do Estado de Roraima, Coordenador do Curso Superior de Segurança e Cidadania da Universidade do Estado de Roraima. Foi Superintendente Municipal de Trânsito de Boa Vista, Superintendente da Guarda Civil Municipal de Boa Vista, Assessor de Inteligência da Prefeitura Municipal de Boa Vista e professor nos diversos cursos daquela Prefeitura. Como reconhecimento aos serviços prestados ao Município de Boa Vista e ao Estado de Roraima foi agraciado com o Título de Cidadão Honorário de Boa Vista - RR e com a Medalha do Mérito do Forte São Joaquim do Governo do Estado de Roraima. Com dupla nacionalidade - brasileira e portuguesa - no período de fevereiro de 2016 a outubro de 2022, residiu em Braga - Portugal onde desenvolveu projetos de estudos na área do Conhecimento. Acadêmico-Correspondente da Academia Maranhense de Ciências Letras e Artes Militares - AMCLAM.