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A ética do Conhecimento como argumento da validação histórica.

O espaço virtual PontoPM recepcionou uma publicação de minha autoria intitulada A validação histórica como motivação ao Conhecimento., e que neste momento, após conversar com vários mentores intelectuais, pude perceber que algo de suma importância demanda um aprofundamento. Esse algo é a ética do Conhecimento como argumento da validação histórica.

Na busca de uma verdade definitiva e mesmo com todas os recursos disponíveis, os argumentos estruturais sobre determinado fato ou evento que se possam contrapor num exercício de validação histórica, recomendam a exata compreensão das verdades intrínsecas, que o primeiro investigador construiu, como hipótese de abordagem especulativa sobre aquele fato ou evento.

É notório que a vaidade do investigador que sucede ao proto-histórico é um fator corrosivo nos processos de validação histórica. O homem nos seus instrumentos de supremacia intelectual utiliza a desconsideração pelo trabalho precursor e primevo como arma de evitar o questionamento à parte do todo que desconhece. Processo claro de enfrentamento e desconsideração pelas hipóteses que afrontam o seu ego.

Compreender a dinâmica estrutural do investigador  primitivo e dar sentido e significado, ao que historicamente se propõe interpretar, recomenda ao investigador-validador contemporâneo identificar com clareza o objeto e os seus objetivos, as informações visuais e o momento vivido pelo primeiro autor que se propôs a discutir o fato ou evento, a correlação da realidade de quem produziu as informações e o ânimo daquele que procurava alcançar uma interpretação insofismável restrita aos seus domínios bibliográficos, materiais, instrumentais e comportamentais.

Obviamente que a capacidade de ler e interpretar cumulativamente fatos ou eventos, só terá significado e valor, para aquele que observa, na hipótese de ser ele dotado de conhecimentos passados compatíveis com o objeto de seu estudo, onde a transformação em palavras, na observação de fatos ou eventos, não é retórica e nem tampouco aceita tal descrição como hipótese, porque mesmo sendo ideias, palavras e emoções exige o respeito ao conhecimento.

Sentir-se motivado na busca do conhecimento e a verdade mais próxima que se possa construir sobre o objeto da análise de um fato ou evento histórico, torna-se uma contemplação quando de forma ética nos é permitido compreender, através de uma investigação participativa, conviver com o autor dos primeiros estudos e ouvir desse autor os seus óbices, as suas dificuldades e as suas alegrias decorrentes da nova verdade apresentada.

Compartilhar com o investigador que o precede na busca da fresta perfeita e poder chegar o mais próximo possível de uma verdade insofismável é o que se manifesta como o instrumento de validação ético, respeitar o caminho que se busca e que não será o definitivo pois a interpretação compartilhada com quem primeiro se propôs na revelação histórica do fato ou evento é incorporada ao somatório do conjunto das experiências que se acumulam e permite ao conjunto do conhecimento produzir efeitos provocadores que variam em função do primitivo investigador e das suas possibilidades e daquele que tem a oportunidade de validar como se fosse um efeito auditor e corregedor dos caminhos  que tornam a interpretação histórica do fato ou evento cada vez mais credível.

As falácias interpretativas que possam levar ao falseamento interpretativo da realidade primitiva do primeiro investigador e mesmos as construções inacabadas decorrentes de uma validação imprópria  que careciam de um aprofundamento metodológico, não se traduzem em verdades acabadas, o novo investigador não se pode deixar consumir-se  por variáveis equivocadas que interferem na forma como ele descortina parte do todo e conjugando com as informações produzidas primitivamente, eleva-se de uma inferência circunstancial para uma verdade mais próxima do acerto.

Conjugar o respeito e a admiração ética pelo trabalho primevo de uma validação histórica é uma arte de aplicação do conhecimento que permite ao investigador contemporâneo se reescrever na medida em que associando às novas frestas a realidade descrita pelo investigador primitivo, se apropria de novas imagens e as aprofundando metodologicamente, as torna compatíveis com os relatos, fatos e eventos abordados durante o processo de validação que de forma ética compartilha com o investigador primitivo, descortinando saberes, conhecimentos e detalhes antes despercebidos, decorrentes de uma experiência defensiva resultante da opção em evitar afrontar o novo.

Quando se opta pela ética como argumento de validação histórica, respeitando a memória e o peso do investigador primitivo, tem-se uma motivação que não se encerra no seu objeto, que faz crescer o respeito na mente de outros investigadores e cada vez mais aproxima-se da verdade insofismável, evitando-se o descrédito, o infortúnio, que conduzindo ao zelo nas informações transversais permite em síntese observações mais acertadas sobre a validação histórica de determinado fato ou evento.

Assim o emprego da ética do conhecimento como argumento de uma validação histórica é um exercício de resiliência e respeito aos argumentos proto-históricos, do investigador primitivo e aos registros primevos que permitem avançar na verdade insofismável do novo conhecimento que se busca transformar.

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Sobre o(a) Autor(a):

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Carlos Alberto da Silva Santos Braga

Major PM Carlos Alberto da Silva Santos Braga, natural de Bom Despacho - MG é Aspirante-a-Oficial da Turma de 1987. Ingressou na PMMG no ano de 1982, no Batalhão de Polícia de Choque, onde fez o Curso de Formação de Soldados PM. É Especialista em Trânsito pela Universidade Federal de Uberlândia e Especialista em Segurança Pública pela Fundação João Pinheiro. Durante o serviço ativo como Oficial na PMMG - 1988 a 2004 - participou de todos os processos estruturantes do Ensino, Pesquisa e Extensão. Nos anos de 1989 e 1990 participou da formação profissional da Polícia Militar do então Território Federal de Roraima durante o processo de efetivação da transformação em Estado. Foi professor da Secretaria Nacional de Segurança Pública nos Cursos Nacionais de Polícia Comunitária. A partir de 2005, na Reserva da PMMG, trabalhou como Vice-Diretor da Academia de Polícia Integrada de Roraima - Projeto da SENASP - foi Membro do Conselho Estadual de Trânsito de Roraima, Membro do Conselho Diretor da Fundação de Educação Superior de Roraima - Universidade do Estado de Roraima, Coordenador do Curso Superior de Segurança e Cidadania da Universidade do Estado de Roraima. Foi Superintendente Municipal de Trânsito de Boa Vista, Superintendente da Guarda Civil Municipal de Boa Vista, Assessor de Inteligência da Prefeitura Municipal de Boa Vista e professor nos diversos cursos daquela Prefeitura. Como reconhecimento aos serviços prestados ao Município de Boa Vista e ao Estado de Roraima foi agraciado com o Título de Cidadão Honorário de Boa Vista - RR e com a Medalha do Mérito do Forte São Joaquim do Governo do Estado de Roraima. Com dupla nacionalidade - brasileira e portuguesa - no período de fevereiro de 2016 a outubro de 2022, residiu em Braga - Portugal onde desenvolveu projetos de estudos na área do Conhecimento. Acadêmico-Correspondente da Academia Maranhense de Ciências Letras e Artes Militares - AMCLAM.