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Antes de ser um, sou três.

Mesmo antes do início, quando tudo não estava, faltava a memória e o livre-arbítrio para dizer que antes de ser um, sou três. Quando um e um não serão dois, mais apenas um, antes de ser um, sou três.

Muito fácil de dizer e mais ainda de se explicar, quando na essência do que sou, não sou eu apenas um, mas três. Se o homem e a mulher se uniram e eu nasci, não são apenas um mais um, sendo eu um, assim, os três um, são três.

Nas ciências são fáceis as explicações do porquê, de sendo eu um, antes sou três. Se qualquer número que se eleva a zero o resultado é um, sendo eu fruto de uma função exponencial de base dois e expoente zero, existo como um e em suma sou três, a soma de uma revolução genética, onde parte vem de um a outra parte de outro um e no fim, sou um, como parte de um, de outro um, me torno um, na soma de tudo isso sou três.

Se venho de um casamento, de uma concepção e de um nascimento, mesmo sendo um, sou três, são três datas de nascimento, de um, de outro um e do um que sou eu. Sou um, mas mesmo antes de ser um, sou três.

Geneticamente só sou um, porque derivando de uma meiose, uma mitose e uma gestação, sou um processo de três um, pois sendo um, sou fruto da soma de um e outro um, antes de ser um, sou três.

Filosoficamente é uma verdade necessária e por mais que metafisicamente sejam dadas opções de proselitismo, uma verdade contingencial não supera a verdade do princípio, pois tudo é idealização da verdade única do idealizador.

Antes de servir na Instituição que me aposentei – servindo e protegendo o destinatário final da minha força de trabalho – vendi a minha força de trabalho a dois outros destinatários finais do capital acumulado que se construiu no eu que sou um.

Antes de servir na Instituição que me aposentei, morei em três cidades e na maior delas me construí no eu que sou um.

Na formação profissional dentro da Instituição que me aposentei, no meu primeiro curso fui o terceiro colocado e de todos que tiveram origem, na mesma Unidade que a minha, fui dentre eles, o terceiro colocado no principal curso da Instituição que me aposentei.

Quando a Instituição que me aposentei, foi chamada a promover a formação profissional de uma outra Instituição congênere, fui o terceiro colocado entre os três que foram enviados para representar, dignificar e compartilhar o conhecimento acumulado a partir do principal curso da Instituição que me aposentei.

No exame de aptidão profissional aplicado aos formandos no principal curso da Instituição que me aposentei, fui o terceiro colocado dentre todos os meus pares que da Turma de Aspirantes, tem a minha origem como um Oficial.

Em outra oportunidade, de formação superior, numa Universidade Pública, em curso de pós-graduação patrocinado pelo Governo Federal, com três vagas destinadas à Instituição que me aposentei, fui o terceiro colocado e mais uma vez estava entre os escolhidos, para a minha Instituição representar.

Mas como tudo que se inicia, um dia chega ao fim, existindo como um Oficial, em seus três círculos: Oficial subalterno, Oficial intermediário e Oficial superior, chegou o dia de se ir ao encontro de novas oportunidades e de se poder colocar em prática toda a alegria construída. Novamente – apesar da pouca idade e do pouco tempo servindo e protegendo – fui o terceiro a me aposentar, pois já haviam ocorridas duas outras aposentadorias, mas na infelicidade da vida profissional, as duas anteriores foram por mortes.

O exercício da atividade profissional transato, após o servir e proteger na Instituição que me aposentei, se deu apenas para três entes federativos e após o qual tudo se encerra em termos de venda da força de trabalho que se encerra no capital intelectual acumulado ao longo de uma vida.

Como tudo que se equilibra e sendo o fiel da balança, algo tinha que não bastava, pois o um que me tornará, não se subsistia só, pelo acúmulo de homônimos, que no mundo abundava e novamente faltava, algo que apenas em um me sacramentava.

Haveria a oportunidade de um novo nome construir, não apenas como homenagem a parte de um, mais a parte do outro um, acrescida do um que já sou. De um nome composto se incorporam três nomes de família, sendo dois toponímicos e um patronímico.

Curiosamente, como se nasce da junção de um, somando-se a outro um, tem-se o um que me tornei, pois novamente antes de ser apenas um, sou três. Para se construir um novo nome a esse um, que sou eu, fez-se necessária a via judicial.

Como uma gestação, que se inicia com a concepção e termina com o nascimento, assim também, se conduziu a retificação do meu nome. Na forma processual temos três fases: o início do processo – a petição, o fim do  processo – a expedição do Mandado de Retificação do Nome, e a efetivação do direito – o  cumprimento do Mandado de Retificação de Nome, que é a expedição, pelo cartório, dos novos documentos de registro civil.

De forma aleatória essas três fases, que são o início, o fim e a efetivação do direito, ocorreram em três datas significativas. A petição junto à Justiça se dá no dia do aniversário do nascimento da minha mãe. A expedição do Mandado de Retificação do Nome se dá no dia do aniversário do nascimento do meu pai. O meu novo registro civil se dá no dia em que se comemora a minha função típica de Estado.

Até aqui, tudo que filosoficamente tenho pensado, às custas de um entendimento estoico, me conduzem à uma verdade trina, de ordenamentos, conhecimentos e virtudes. Verdades estas que balizam a minha construção enquanto homem, cidadão e Estado, pois antes de ser um, sou três.

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Sobre o(a) Autor(a):

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Carlos Alberto da Silva Santos Braga

Major PM Carlos Alberto da Silva Santos Braga, natural de Bom Despacho - MG é Aspirante-a-Oficial da Turma de 1987. Ingressou na PMMG no ano de 1982, no Batalhão de Polícia de Choque, onde fez o Curso de Formação de Soldados PM. É Especialista em Trânsito pela Universidade Federal de Uberlândia e Especialista em Segurança Pública pela Fundação João Pinheiro. Durante o serviço ativo como Oficial na PMMG - 1988 a 2004 - participou de todos os processos estruturantes do Ensino, Pesquisa e Extensão. Nos anos de 1989 e 1990 participou da formação profissional da Polícia Militar do então Território Federal de Roraima durante o processo de efetivação da transformação em Estado. Foi professor da Secretaria Nacional de Segurança Pública nos Cursos Nacionais de Polícia Comunitária. A partir de 2005, na Reserva da PMMG, trabalhou como Vice-Diretor da Academia de Polícia Integrada de Roraima - Projeto da SENASP - foi Membro do Conselho Estadual de Trânsito de Roraima, Membro do Conselho Diretor da Fundação de Educação Superior de Roraima - Universidade do Estado de Roraima, Coordenador do Curso Superior de Segurança e Cidadania da Universidade do Estado de Roraima. Foi Superintendente Municipal de Trânsito de Boa Vista, Superintendente da Guarda Civil Municipal de Boa Vista, Assessor de Inteligência da Prefeitura Municipal de Boa Vista e professor nos diversos cursos daquela Prefeitura. Como reconhecimento aos serviços prestados ao Município de Boa Vista e ao Estado de Roraima foi agraciado com o Título de Cidadão Honorário de Boa Vista - RR e com a Medalha do Mérito do Forte São Joaquim do Governo do Estado de Roraima. Com dupla nacionalidade - brasileira e portuguesa - no período de fevereiro de 2016 a outubro de 2022, residiu em Braga - Portugal onde desenvolveu projetos de estudos na área do Conhecimento. Acadêmico-Correspondente da Academia Maranhense de Ciências Letras e Artes Militares - AMCLAM.