A História é como um muro intransponível e mesmo com todas os recursos disponíveis, que se possam conjugar na busca de uma verdade definitiva, o tempo longe de apagar as dúvidas estruturadas, sobre determinado fato ou evento, só as fazem aumentar.
Para dar sentido e significado, ao que historicamente se propõe interpretar, faz-se necessário aliar o objeto aos seus objetivos, as informações visuais e o momento vívido, a realidade de quem produz as informações e o ânimo daquele que procura alcançar uma interpretação insofismável.
A capacidade de ler e interpretar objetivamente cada um desses fatos ou eventos, reside no acúmulo dos elementos de validação que se estruturam com o correto confrontamento das informações disponíveis, sua corroboração contemporânea e o seu significado no contexto das demais realidades adjacentes, seja do ponto de vista material – as obras – e imaterial – as ideias.
O muro pode ser galgado e por cada fresta que se possa descortinar uma faceta tênue, surge um turbilhão de informações que só terão significado e valor, para aquele que observa, na hipótese de ser ele dotado de conhecimentos passados compatíveis com o objeto de seu estudo.
Galgar o muro é uma prospecção que exige comprometimento do objeto e do autor, daquele que motiva e do que é motivado, daquele que é a essência e daquele que é transformação em palavras, com a máxima de que não é retórica porque exige o respeito ao conhecimento, apesar de ser ideias, palavras e emoções.
Galgar o muro é emoção por se sentir motivado a buscar o conhecimento e a verdade mais próxima que se possa construir sobre o objeto de uma análise histórica, um corpo, uma ideia, um sentido, uma imagem, um significado expresso num código e que por fim demanda especulações.
Galgar o muro, encontrar a fresta perfeita e poder chegar o mais próximo possível de uma verdade insofismável é o caminho que se busca e que não será o definitivo pois a interpretação é o somatório do conjunto das experiências que se acumulam e que só produzem efeito em resposta a uma provocação que varia em função do observador e das possibilidades que cada qual pode identificar como o caminho mais factível e ao mesmo tempo o mais credível.
Não há erros falseados por hipóteses autoconfirmadoras, há construções inacabadas decorrentes de uma validação imprópria e que carecendo de um aprofundamento metológico, se consome por variáveis equivocadas levando o observador a descortinar parte do todo e que ao final revela-se apenas como mais uma informação, uma inferência curcunstancial que não se traduz em verdade acabada.
Uma validação histórica é uma arte de aplicação do conhecimento que permite ao observador se reescrever na medida em que descobrindo novas frestas, se apropria de novas imagens e as decodificando as torna compatíveis com os relatos, fatos e eventos contemporâneos, mostrando ao próprio conhecimento detalhes antes despercebidos, quer seja pela infelicidade de classificá-los como óbvio ululante ou ainda pela experiência defensiva de nāo afrontar o novo.
Avançar por uma validação histórica é uma motivação que não se encerra no seu objeto, ao contrário, apenas possibilita uma interpretação momentânea, algo que deve aquecer a mente de outros observadores e cada vez mais se aproximar da verdade insofismável. Nāo há descrédito, não há infortúnios e nem tampouco há falta de zelo quando outras informações transversais permitem observações mais acertadas sobre determinado fato ou evento.
Uma validação histórica não é uma fórmula matemática é sim um exercício de prospecção e que admite novas visões, novas informações e novas hipóteses de descrição material e imaterial, cabe ao observador especular, sentir-se motivado e se comprometer com o novo conhecimento que se quer produzir.