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Educação ou Ensino? O dilema do entendimento.

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É natural que algumas pessoas tenham dificuldade em diferenciar de forma coerente os significados dos termos educação e ensino. Isto porque a diferenciação é resultado do entendimento de algo muito maior e que se manifesta na forma contínua da acumulação do conhecimento.

Como o estoque de conhecimento produzido ao longo da vida permite a qualquer um de nós entender adequadamente um termo, aí se manifesta o significado do termo educação – processo de aprendizagem que se inicia ao nascer e numa dinâmica de maturação até o final da nossa vida, nos permite encontrar respostas compatíveis com o entendimento do mundo, das pessoas, das ideias e das novas manifestações do pensar que se constroem rotineiramente.

Educação é portanto algo que se constitui dos níveis de ensino que são compatíveis com a carga de ensinamentos passados e o grau de maturidade próprio que se exige daquele que sofre o efeito do ensino.

No nível fundamental do ensino procura-se proporcionar à pessoa o conhecimento do mundo circundante, o porque das manifestações da natureza, dos números, da vida e da sociedade.

Uma vez aprofundado neste nível e aprovado na construção teórica dele a pessoa está apta ao aperfeiçoamento e crescimento em outro nível do conhecimento. Avançando no processo de educação, estará ela apta ao aprofundamento dos estudos no nível médio.

No nível médio do ensino, onde o pressuposto para a sua frequência é a capacidade de discernir além do sentido expresso nas palavras, números e imagens, entende-se o universo a partir da especulação e aprofundamento das informações tratadas no nível fundamental. Já não apenas se aborda o mundo circundante e sim a dinâmica da construção das interpretações e visões da realidade que proporcionou uma nova perspectiva do saber.

No nível médio do ensino, a partir do entendimento filosófico estoico, à pessoa se exige a compreensão de que nem tudo que foi falado é um fato e sim uma opinião construída com o conjunto das informações disponíveis até aquele momento e que nem tudo que se vê é a realidade e sim uma perspectiva de interpretação do mundo que demanda a associação de novas informações.

Tentar avançar para além da compreensão do fato e da realidade é uma perspectiva de aprofundamento teórico que se constrói no nível de ensino superior. Superior de graus do conhecimento e não superior do aprofundamento filosófico.

O nível de ensino superior está invariavelmente ligado à dinâmica do saber-fazer, ou seja, de saber o que se discute e fazer acontecer exatamente aquilo que se constrói teoricamente a partir do acúmulo das experiências, expectativas e opiniões que permitiram maturar o conhecimento e maturando, faz crescer um novo conhecimento.

A partir do que se construiu até aqui, fica a pergunta: Uma instituição de educação é uma instituição de ensino ?

Obviamente que a resposta é sim. Em qualquer situação uma instituição de educação é uma instituição de ensino. Isto porque a educação além dos níveis fundamental, médio e superior ainda contempla outras tipologias.

No movimento contrário nem toda instituição de ensino será uma instituição de educação porque o ensino é um nível da educação. Obviamente que uma Instituição de Ensino Superior que contempla o ensino fundamental, o ensino médio, a pesquisa, a extensão e as relações com a comunidade, principalmente em ações de engajamento social, é por excelência uma Instituição de Educação.

Se analisarmos a Polícia Militar de Minas Gerais, que tem a formação profissional endógena e os ensinos fundamental e médio na estrutura do Colégio Tiradentes da PMMG, poderemos dizer que ela é uma Instituição de Educação no conjunto de suas unidades que ofertam o ensino fundamental, o ensino médio, o ensino superior, as relações com a comunidade através das extensões e a pesquisa nos cursos de pós-graduação.

Há um hiato entre a estruturação antiga da Lei de Educação da PMMG e a lei em vigor, que se trata da ruptura em preparar para os quadros da Corporação, isto porque a legislação atual exige o curso superior como condição de acesso e não mais o ensino médio – produto do Colégio Tiradentes da PMMG.

Há como mudar isso? Sim, basta apenas alterar a legislação e o Colégio Tiradentes da PMMG fornecer um Curso Tecnólogo compatível com o conceito de segurança pública e cidadania, de curta duração, que equivale ao ensino superior. Em essência existir efetivamente como um conceito de College da legislação americana.

Afinal, como tudo que se escreve são opiniões, o fato pode ser a transformação a partir da vontade institucional.

Respostas de 7

  1. Seria muito importante, a formação de Tecnólogos no CTPM, voltado na preparação desde cedo de muitos possíveis futuros militares!

    1. Minha cara Hysnara Xavier Soares, boa-tarde! Obrigado pela sua manifestação neste espaço virtual denominado PontoPM, creio que podemos ter as nossas opiniões, no entanto, tudo são opções institucionais. Esperemos o futuro.

    1. Muito obrigado meu primo. O espaço virtual PontoPM recepciona os meus textos e me permite transformar em conhecimento o pouco que aprendi ao longo da vida. Espero produzir textos compatíveis com a expectativa das pessoas que frequentam este espaço virtual. Cumprimentos.

  2. O sistema de educação da Polícia Militar é uma referência para outras corporações e nos dá muito orgulho. A formação de tecnólogos nos Colégios Tiradentes é uma grande ideia.

    1. Senhor Major PM Cyro, bom-dia! São as nossas opiniões, tomara que em algum momento se tornem fatos e realidades para outros. Vamos aguardar. Cumprimentos.

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Sobre o(a) Autor(a):

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Carlos Alberto da Silva Santos Braga

Major PM Carlos Alberto da Silva Santos Braga, natural de Bom Despacho - MG é Aspirante-a-Oficial da Turma de 1987. Ingressou na PMMG no ano de 1982, no Batalhão de Polícia de Choque, onde fez o Curso de Formação de Soldados PM. É Especialista em Trânsito pela Universidade Federal de Uberlândia e Especialista em Segurança Pública pela Fundação João Pinheiro. Durante o serviço ativo como Oficial na PMMG - 1988 a 2004 - participou de todos os processos estruturantes do Ensino, Pesquisa e Extensão. Nos anos de 1989 e 1990 participou da formação profissional da Polícia Militar do então Território Federal de Roraima durante o processo de efetivação da transformação em Estado. Foi professor da Secretaria Nacional de Segurança Pública nos Cursos Nacionais de Polícia Comunitária. A partir de 2005, na Reserva da PMMG, trabalhou como Vice-Diretor da Academia de Polícia Integrada de Roraima - Projeto da SENASP - foi Membro do Conselho Estadual de Trânsito de Roraima, Membro do Conselho Diretor da Fundação de Educação Superior de Roraima - Universidade do Estado de Roraima, Coordenador do Curso Superior de Segurança e Cidadania da Universidade do Estado de Roraima. Foi Superintendente Municipal de Trânsito de Boa Vista, Superintendente da Guarda Civil Municipal de Boa Vista, Assessor de Inteligência da Prefeitura Municipal de Boa Vista e professor nos diversos cursos daquela Prefeitura. Como reconhecimento aos serviços prestados ao Município de Boa Vista e ao Estado de Roraima foi agraciado com o Título de Cidadão Honorário de Boa Vista - RR e com a Medalha do Mérito do Forte São Joaquim do Governo do Estado de Roraima. Com dupla nacionalidade - brasileira e portuguesa - no período de fevereiro de 2016 a outubro de 2022, residiu em Braga - Portugal onde desenvolveu projetos de estudos na área do Conhecimento. Acadêmico-Correspondente da Academia Maranhense de Ciências Letras e Artes Militares - AMCLAM.