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Extraindo o Conhecimento Intrínseco à Informação – Parte I

É natural, dentro da sociedade contemporânea, a produção de informações que alimentam a demanda do homem pela atualização das relações sociais, econômicas e políticas.  Essas informações não configuram Conhecimento, mesmo que a lógica para a sua produção tenha sido construída através de uma ciência. O que transforma a informação no Conhecimento é justamente a capacidade que o homem tem, a partir de um conjunto de Conhecimentos pretéritos, de extrair a construção do pensamento que levou à informação.

Muitas das informações produzidas e disponibilizadas na sociedade, são produtos de uma relação estatística referente a determinado período da história e quantificados segundo uma lógica estrutural, sendo tratados a partir do entendimento de quem se presta a produzir a informação. O grave risco que decorre do tratamento estatístico está na falácia da interpretação, está na incapacidade de corretamente conhecer a lógica estrutural que se pretende transmitir como verdade.

Para exemplificar, vamos acessar um endereço disponível na Web e a partir da análise do conjunto de informações visuais hospedadas neste endereço, extrair o Conhecimento intrínseco à informação.

A imagem disponibilizada, com o conjunto de informações relevantes, pode ser observada a seguir:

Esta imagem foi acessada às 13h40min do dia 10 de abril de 2019 no endereço eletrônico https://pt.tradingeconomics.com/brazil/inflation-rate-mom e traz as informações sobre a Taxa de Inflação Mensal no Brasil no período de Abr 2018 a Mar 2019. Cita como fontes TRADINGECONOMICS.COM – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), sendo portanto, uma informação produzida pela Agência Brasileira de Estatística.

Para tratar adequadamente a informação disponível no gráfico e transformá-la num Conhecimento, vamos ordenar as informações num quadro e em seguida transformar os parâmetros de tal forma, que agregando Conhecimento, seja melhor compreendida a sua forma estrutural.

MÊS/ANO TAXA DE INFLAÇÃO % MUDANÇA DE PARÂMETRO: TAXA DE INFLAÇÃO/100 COMPATIBILIZAR PARÂMETRO: MUDANÇA DE PARÂMETRO + 1
ABR 20180,220,00221,0022
MAI 20180,40,0041,004
JUN 2018 1,26 0,0126 1,0126
JUL 2018 0,33 0,0033 1,0033
AGO 2018 -0,09 -0,0009 0,9991
SET 2018 0,48 0,0048 1,0048
OUT 2018 0,45 0,0045 1,0045
NOV 2018 -0,21 -0,0021 0,9979
DEZ 2018 0,15 0,0015 1,0015
JAN 2019 0,32 0,0032 1,0032
FEV 2019 0,43 0,0043 1,0043
MAR 2019 0,75 0,0075 1,0075
ACUMULADO EM 12 MESES4,490,04491,045754

Abaixo foram listados os Conhecimentos agregados às informações disponibilizadas,  produzidos através da Ciência denominada Estatística:

1º  – Criou-se uma nova linha com o acumulado em 12 meses, cujo objetivo é demonstrar a falácia de interpretação através de números;

2º – Como o acumulado em 12 meses, são juros compostos, não se pode somar os valores, eles devem ser multiplicados;

3º – Multiplicar números iniciais com zero, a tendência é que o valor final se aproxime de zero, portanto, muda-se o parâmetro, divide-se a taxa de inflação mensal por 100 e soma-se o número 1. O número 1, que se acrescenta, não altera o valor final, apenas torna real a multiplicação, haja vista que este número mantem intacta a multiplicação. Sendo que nos valores positivos o número 1 que se soma, torna o número final maior do que 1 e para os valores negativos, torna o número final tendendo a 1;

4º – O acumulado em 12 meses, quando se soma as taxas mensais, alcança a taxa final de 4,49%, essa taxa só seria verdadeira se fossem juros simples, no caso de tratarmos de taxas em crescimento, onde os  juros são acumulados e incidem sobre o mês anterior, trata-se de juros compostos, não se admitindo a soma, faz-se necessária a multiplicação das taxas;

5º – O acumulado em 12 meses, com os parâmetros compatibilizados e multiplicando  mês a mês, por se tratar de juros compostos, alcança o parâmetro compatibilizado de 1,045754;

6º – Para se achar a taxa anual basta fazer o caminho inverso da parametrização, assim de 1,045754 se subtrai o número 1, ficando 0,045754, depois multiplica-se por 100 e vamos encontrar 4,5754%;

7º – Assim os valores erroneamente tabulados em 4,49% são divergentes dos valores reais 4,5754%; e

8º – Agregar Conhecimento às informações disponibilizadas permite alcançar a medida exata que os números significam.

Portanto, descrito o Conhecimento intrínseco à informação, a partir de um conjunto de informações visuais e ainda aprofundando na análise delas, construímos três situações hipotéticas de tratamento para esclarecer o perfeito emprego do Conhecimento na nossa rotina de demanda por informação. Sendo elas:

1 – O Governo do Estado de Minas Gerais, concederá reajuste aos seus servidores a partir de Abril de 2019, no mesmo índice de inflação acumulada nos 12 meses imediatamente anteriores. O reajuste de 4,5754% será dividido em 12 parcelas fixas. Analisando a situação hipotética, qual o índice mensal de reajuste?

2 – A Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, num arrojado esforço operacional pretende reduzir os índices de criminalidade violenta em todo o Estado, nos próximos cinco anos, em 50%. Analisando a situação hipotética, qual a taxa anual de redução a ser buscada como meta, para alcançar o objetivo?

3 – O Estado de Minas Gerais pretende dobrar os investimentos na área de saúde nos próximos 15 anos. Analisando a situação hipotética, qual a taxa anual de investimentos para alcançar o objetivo descrito?

Estas três hipóteses serão tratadas em Extraindo o Conhecimento Intrínseco à Informação em sua Parte II.

Respostas de 4

  1. No contexto atual, impossível desconsiderar que o último e atual governo de Minas desconsideram por completo as informações ou conhecimentos que podem balisar as políticas públicas. Seus interesses pessoais e de seus grupos têm prevalecido sobre a gestão de governo.

  2. Explicativa clara e de fácil entendimento, parabéns Carlos Alberto!

    1. Sr Robson Maciel, muito obrigado pela manifestação, o vosso acesso ao espaço Pontopm em Braga nos deixa muito felizes.

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Sobre o(a) Autor(a):

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Carlos Alberto da Silva Santos Braga

Major PM Carlos Alberto da Silva Santos Braga, natural de Bom Despacho - MG é Aspirante-a-Oficial da Turma de 1987. Ingressou na PMMG no ano de 1982, no Batalhão de Polícia de Choque, onde fez o Curso de Formação de Soldados PM. É Especialista em Trânsito pela Universidade Federal de Uberlândia e Especialista em Segurança Pública pela Fundação João Pinheiro. Durante o serviço ativo como Oficial na PMMG - 1988 a 2004 - participou de todos os processos estruturantes do Ensino, Pesquisa e Extensão. Nos anos de 1989 e 1990 participou da formação profissional da Polícia Militar do então Território Federal de Roraima durante o processo de efetivação da transformação em Estado. Foi professor da Secretaria Nacional de Segurança Pública nos Cursos Nacionais de Polícia Comunitária. A partir de 2005, na Reserva da PMMG, trabalhou como Vice-Diretor da Academia de Polícia Integrada de Roraima - Projeto da SENASP - foi Membro do Conselho Estadual de Trânsito de Roraima, Membro do Conselho Diretor da Fundação de Educação Superior de Roraima - Universidade do Estado de Roraima, Coordenador do Curso Superior de Segurança e Cidadania da Universidade do Estado de Roraima. Foi Superintendente Municipal de Trânsito de Boa Vista, Superintendente da Guarda Civil Municipal de Boa Vista, Assessor de Inteligência da Prefeitura Municipal de Boa Vista e professor nos diversos cursos daquela Prefeitura. Como reconhecimento aos serviços prestados ao Município de Boa Vista e ao Estado de Roraima foi agraciado com o Título de Cidadão Honorário de Boa Vista - RR e com a Medalha do Mérito do Forte São Joaquim do Governo do Estado de Roraima. Com dupla nacionalidade - brasileira e portuguesa - no período de fevereiro de 2016 a outubro de 2022, residiu em Braga - Portugal onde desenvolveu projetos de estudos na área do Conhecimento. Acadêmico-Correspondente da Academia Maranhense de Ciências Letras e Artes Militares - AMCLAM.