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Globalismo é ideologia, globalização é sociedade de mercado distante da burocracia

Após a escolha do Embaixador Ernesto Fraga Araújo para conduzir a política externa brasileira, no governo de Jair Bolsonaro, houve uma inquietação geral. Muitos jornalistas e comentaristas políticos da grande mídia protagonizaram estrondoso espetáculo de ignorância e incultura, na tentativa de analisar as credenciais “anti-globalistas” do futuro ministro.

Confundindo globalismo com globalização, fingiram enxergar — ou tentaram fabricar — um suposto antagonismo entre Ernesto e Paulo Guedes, futuro Ministro da Economia. Segundo as ilustradíssimas inteligências que povoam a grande mídia, não há diferença entre o anti-globalismo e a anti-globalização, embora estas duas posturas não sejam apenas distintas como opostas uma à outra.

Para evitar que erros, desinformações e bobagens dessa natureza se alastrem, partilho com os leitores do Senso Incomum uma breve conceituação, fruto dos meus estudos pessoais e parte de um projeto que não demorará a se tornar um livro:

O globalismo é a ideologia que preconiza a construção de um aparato burocrático — de alcance global, centralizador e pouco transparente — capaz de controlar, gerir e guiar os fluxos espontâneos da globalização de acordo com certos projetos de poder.

Não há, portanto, nenhum motivo plausível para confundir uma coisa com a outra.

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A globalização econômica consiste no fluxo global e espontâneo dos agentes econômicos que não só não necessita da interferência de burocratas, como funciona melhor na ausência de interferências burocráticas e é prejudicado por elas.

O globalismo, por outro lado, é a tentativa de instrumentalização político-ideológica da globalização com a finalidade de promover uma transferência do eixo de poder das nações para um corpo difuso de burocratas cosmopolitas e apátridas, que respondem não às comunidades nacionais, mas a um restrito conjunto de agentes de influência com acesso privilegiado a esses burocratas — o que, no limite, significa a substituição das democracias representativas por um regime tecnocrático e pouco transparente, no qual o poder decisório está concentrado nas mãos de alguns poucos privilegiados.

Ao que tudo indica, o Chanceler Ernesto Fraga Araújo não terá apenas uma função diplomática, mas também uma função pedagógica e de esclarecimento das nossas elites sobre a centralidade do embate entre o soberanismo e o globalismo na atual conjuntura global. Afinal, em que pese esse ser o tema central dos debates nos EUA e na Europa, os cosmopolitas provincianos da grandes mídia ainda vêem o tema com muito estranhamento.

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Neimar Fernandes