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Reaprenda a prática da leitura.

Em reaprenda a prática da leitura, você verificará que nada na sua vida será registrado em sua mente, como arquivos em movimentos ou arquivos sonoros. Tudo se armazena no seu cérebro através de imagens estáticas – aquilo que comumente chamamos de memória fotográfica.

Quantos de nós não temos conhecidos assim? Aqueles que não tinham livros ou cadernos, não estudavam e eram os primeiros a terminarem os exames. Aqueles que não se importavam com a nota e sim na certeza de que  sabendo, a todos encantavam.

A capacidade que o ser humano tem, de registar as suas emoções como memórias fotográficas, tem no mundo do conhecimento o nome de Registro Automático da Memória, é algo que acontece no nosso cérebro onde o acúmulo das informações se dá através dos nossos terminais sensoriais – visão, olfato, audição, paladar e tato – acostumados a conjugar tudo isso, sem que percebamos, nosso cérebro cruza todas informações pretéritas e face a qualquer imprevisto nos dá uma possibilidade de resposta.

Quando nos propomos a trabalhar em grupo, nos comprometemos a sermos fiéis  ao Grupo, nos comprometemos à defesa dos interesses coletivos e nos obrigamos ao objetivo do Grupo. Devemos ser fiéis aos propósitos que nos unem. Devemos obediência moral ao todo e fidelidade com aquele com o qual nos propusemos a seguir o caminho.

Aquilo que nos une, nos recomenda a nós o foco e imbuídos de tudo isso nos alerta sobre os percalços.

Às vezes, optamos por ouvir – uma música, uma mensagem ou uma aula, em outras optamos por ver – um filme, uma campanha publicitária ou até mesmo uma aula. Infelizmente, preterimos o ler. Não, o ler caracterizado por uma mensagem de auto-ajuda, uma mensagem de bom-dia ou uma mensagem furtiva. Preterimos ler o conhecimento, preferimos ouvir, ver e nem sempre ler.

Ouvir, ver e não ler, permitem a qualquer um ocupar-se de outras ideias, algo que a leitura reduz bastante pois nos recomenda  ficar preso ao texto na busca da essência do conhecimento, ou seja, encontrar a resposta, achar a hipótese que conjugada à sua demanda produza uma solução compatível com o seu questionamento.

Devemos reaprender a ler, devemos produzir uma posição crítica ao texto apresentado e não apenas aceitar as palavras como imposição de ideias por encantarmo-nos com a voz, com a imagem, com os recursos audiovisuais, com os sons, com a beleza artificial que tem um único objetivo: fazer com que você aceite a ideia do outro, que você se prenda   aos objetivos que nem sempre são os seus e que você  se convença que tudo quanto foi dito, cantado, encenado, sentido e transmitido seja a única verdade.

Reaprender a ler é ter a possibilidade de formar a sua própria história em relação ao fato, ao ato, ao conhecimento e ao presente. É se permitir ao contraditório, contrapor às imagens, formar a sua própria convicção, buscar o significado para uma palavra desconhecida e acima de tudo controlar o que realmente importa, informa, constrói, aproxima, exprime e acrescenta no seu aprendizado de vida.

Reaprender a ler é ter a oportunidade de voltar no texto,  sublinhar uma palavra, destacar um pensamento, interpretar uma ideia, sonhar com as imagens que poderiam se encaixar numa metáfora, compreender o sentimento de quem se propõe à construção da mensagem  e tudo mais quanto seja agradável num texto e principalmente aprender.

Não se furte da oportunidade de ler, não se prenda às encenações, não se deixe levar pela sonoridade da voz que procura retirar do seu horizonte o encantamento das imagens que o seu cérebro possa construir. Viva o conhecimento que você acumulou durante todo o seu aprendizado e transforme as palavras de um texto numa experiência construída por você mesmo e não por uma voz ou uma imagem construída por terceiros.

A cada memória fotográfica que criamos a partir da leitura de um texto, inúmeras janelas se abrem com informações cruciais para a nossa tomada de decisão. Estar centrado no texto nos permite ir além, nos permite compreender o processo, criar as nossas próprias memórias fotográficas, desvendar os enigmas do conhecimento, alimentar a nossa própria imaginação, referendar as experiências, comparar modelos, compreender a nossa importância na solução do problema, evitar a repetição de erros e nos possibilita ousar.

Só através da leitura as memórias fotográficas serão construídas por sua própria opção, você poderá retornar ao texto infinitas vezes sem perder a essência, poderá pausar a leitura para dar atenção à uma pessoa e retornar sem necessidade de comprometer o aprendizado,  poderá parar por alguns instantes – imaginar, sonhar, retroagir nas memórias, avançar nas hipóteses futuras e depois retornar onde estava sem perder o nexo.

Reaprenda a prática da leitura, ela será uma opção para diferenciar comportamentos individualizados dos comportamentos autômatos, diferenciar aquele que realmente sabe o significado das palavras daquele que apenas as repete, diferenciar quem tem responsabilidade de grupo daquele que usufrui da responsabilidade do grupo para os interesses próprios.

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Sobre o(a) Autor(a):

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Carlos Alberto da Silva Santos Braga

Major PM Carlos Alberto da Silva Santos Braga, natural de Bom Despacho - MG é Aspirante-a-Oficial da Turma de 1987. Ingressou na PMMG no ano de 1982, no Batalhão de Polícia de Choque, onde fez o Curso de Formação de Soldados PM. É Especialista em Trânsito pela Universidade Federal de Uberlândia e Especialista em Segurança Pública pela Fundação João Pinheiro. Durante o serviço ativo como Oficial na PMMG - 1988 a 2004 - participou de todos os processos estruturantes do Ensino, Pesquisa e Extensão. Nos anos de 1989 e 1990 participou da formação profissional da Polícia Militar do então Território Federal de Roraima durante o processo de efetivação da transformação em Estado. Foi professor da Secretaria Nacional de Segurança Pública nos Cursos Nacionais de Polícia Comunitária. A partir de 2005, na Reserva da PMMG, trabalhou como Vice-Diretor da Academia de Polícia Integrada de Roraima - Projeto da SENASP - foi Membro do Conselho Estadual de Trânsito de Roraima, Membro do Conselho Diretor da Fundação de Educação Superior de Roraima - Universidade do Estado de Roraima, Coordenador do Curso Superior de Segurança e Cidadania da Universidade do Estado de Roraima. Foi Superintendente Municipal de Trânsito de Boa Vista, Superintendente da Guarda Civil Municipal de Boa Vista, Assessor de Inteligência da Prefeitura Municipal de Boa Vista e professor nos diversos cursos daquela Prefeitura. Como reconhecimento aos serviços prestados ao Município de Boa Vista e ao Estado de Roraima foi agraciado com o Título de Cidadão Honorário de Boa Vista - RR e com a Medalha do Mérito do Forte São Joaquim do Governo do Estado de Roraima. Com dupla nacionalidade - brasileira e portuguesa - no período de fevereiro de 2016 a outubro de 2022, residiu em Braga - Portugal onde desenvolveu projetos de estudos na área do Conhecimento. Acadêmico-Correspondente da Academia Maranhense de Ciências Letras e Artes Militares - AMCLAM.