O instrumento de medida é algo que interessa à humanidade desde o sempre. Nas relações sociais e no processo de socialização, decorrente da opção adotada pelo homem de descer das árvores e correr pelas campinas, tudo o quanto possa tomar como hipótese de decisão passa pela medição das causas e efeitos tendentes ao atingimento de seus objetivos.
À medida que vamos vivendo, vamos incorporando Conhecimento, e, nas análises de variáveis, aprendemos a tomar a decisão mais acertada. Aprendemos a conjugar o conhecimento confrontando com outras espécies de informações que nos levam ao acerto. Hoje, retorno aos meus textos do passado e posso perceber o quanto pequeno era o meu universo de Conhecimento e o quanto restritas eram as minhas conclusões. Não quero e nem pretendo desmerecer a mim próprio; nem tampouco aqueles que se encantaram pelas minhas palavras passadas, afinal: verba volant, scripta manent.
Recentemente, tive a grata satisfação de receber, do amigo Celso Cursino Guimarães, um livro que retrata o Engodo do Produto-Momento de Correlação de Pearson. A quem nunca teve acesso ao assunto, esclarece-se que o Coeficiente de Correlação de Pearson é mundialmente utilizado, para se demonstrar relacionamento entre duas variáveis, seja em estudos científicos, ou nas atividades mercadológicas. Passados mais de 100 anos, tem-se verificado, ainda, naquela proposta equacional, uma grave falha, evidenciada pela indeterminação matemática de zero por zero. Não detectada a falha, quando uma das variáveis não tem tendência a crescer ou decrescer e todos os desvios em relação à média, só tem componentes aleatórios. Por ser uma sutileza oculta, a instabilidade do Coeficiente, demonstrava que os resultados eram meros engodos.
Numa reflexão profissional do tema, posso hoje, com clareza entender os erros de algumas ordens religiosas, militares e filosóficas. Não me atrevo a tornar-me sábio, apenas expresso evidências a partir da informação recente e passada, ao fato presente e ao fato memória, à história escrita e a história oral, como nos dizeres de Giambattista Vico: o curso e recurso da humanidade, do progresso à barbárie!
Pude perceber o quanto a produção do conhecimento, em ambientes acadêmicos, tende ao óbvio ululante; e o quanto a interpretação dos resultados é um mero engodo, o quanto se tende à mesmice como forma de apropriação cooptada de um conjunto de informações — decorrente do poder de decisão numa banca avaliadora — por não saber lidar com as informações que extrapolam o campo de visão adstrito à sua própria sombra ao sol do meio-dia. Enfrentar o novo, mesmo num ambiente acadêmico, é se deparar com a possibilidade de assumir a expressão: Só sei que nada sei. E depois, o que acontecerá?
Não é de se estarrecer, quando uma Ordem Religiosa — que em décadas recentes combatia uma ideologia — e no momento presente seus líderes tendem aos mesmos significados ideológicos do que se tinham como antagônicos, afinal esses líderes conviveram e entenderam que naquele momento aquela ideologia era a melhor forma de cooptação dos fiéis e ao ascender o poder, passam a replicar aquilo para o qual foram maciçamente formados.
Uma Ordem Religiosa que até recentemente, teve em sua liderança alguém vindo de um país castigado pelo holocausto e pela ideologia de esquerda — o comunismo; um homem que trabalha contra o comunismo — atuante na queda do Muro de Berlim, e se torna um ícone mundial da paz, sendo sucedido por uma liderança oriunda do país que patrocinou o holocausto e que em sua legislação interna — como forma de mitigar as memórias — permite destinar parte do seu Imposto de Renda para essa Ordem Religiosa.
Atualmente, essa Ordem Religiosa tem em sua liderança um homem oriundo de um colonialismo usurpador, beligerante, atroz e que dizimou populações e civilizações na América Latina, tal qual em As Veias Abertas da América Latina de Eduardo Galeano: os assassinos espanhóis. Com o mesmo pensamento de domínio dos conquistadores espanhóis: apropriar-se do povo das Américas com o sentido de fortalecimento de uma Ordem Religiosa, assim trabalharam os jesuítas espanhóis. As consequências são problemas desses povos e a soberania deles, que determinem o seu futuro.
Mas, qual correlação tem a Ordem Religiosa com a produção do Conhecimento, com a formação acadêmica, com o pensamento científico? A resposta é simples: foi essa Ordem que canalizou, durantes muitos séculos, a produção do Conhecimento. Essa Ordem mantém Escolas em todos os níveis da formação humana e com grande capital intelectual. Essa Ordem não tem escolas públicas, apenas privadas e de custo exponencial em relação aos países em que se acham instalados os seus educandários. São centros de formações humana e profissional de excelência. Essa Ordem é parte do Direito Internacional Público.
Tudo isso não tem o condão de desmerecer essa Ordem Religiosa, mas o tem para demonstrar que o capital intelectual que compõe o corpo profissional dessa Ordem não é insignificante, desprezível, incapaz ou irrelevante ao contrário é catalizador do Conhecimento. Em essência o presente não retrata, desmerece, desqualifica ou reduz à insignificância a grandeza dessa Ordem, em sentido oposto, clama para que essa Ordem retrate, mereça, se qualifique e dignifique a grandeza que está encetada nela. Seus valores e suas virtudes, são maiores do que os homens que a representam nesse momento da História da Humanidade.
Ao dirigir o foco da correlação das variáveis para a Ordem Militar, vou me ater à Ordo Militiae de minha origem, pois trabalhei basicamente toda a minha carreira como professor dentro e fora da Ordem Militar, fazendo parte de várias comissões voltadas ao fortalecimento e construção das bases legais, filosóficas e práxis educativa da formação e maturação do Conhecimento.
Os vários atos normativos apenas servem para legitimar os meus argumentos e não a minha vaidade: formação da Polícia Militar de Roraima – 1989 e 1990; Pós-graduação em Trânsito na Universidade Federal de Uberlândia – 1992; acesso ao Curso de Estatística na Universidade Federal de Minas Gerais, obtenção de novo título em 1993; contatos com o Núcleo de Estudos da Violência – USP em 1994; relações com a Universidade do Estado de Minas Gerais – 1995 e 1996; reformulação dos cursos da Corporação: o chamado livro verde pelos membros da comissão em relação à cor da capa – 1997; ligação com o Núcleo de Estudos da Violência – USP voltado para a Mariz Curricular Nacional de Segurança Pública em 1997; frequência ao Mestrado em Administração Pública da Fundação João Pinheiro – 1998 e 1999; Curso Nacional de Polícia Comunitária na SENASP – 2001; e Professor do Curso Nacional de Polícia Comunitária da SENASP em 2002.
Exercício das funções na Academia de Polícia Militar nos anos de 1993 a 1996, prioritariamente na Divisão de Pesquisa, funcionando como professor do Curso de Formação de Oficiais; Chefe de Curso no Centro de Formação de Oficiais; Secretário do Conselho Editorial da Revista — O Alferes — de Informação e Doutrina da PMMG; e Orientador de monografias do Curso de Especialização em Segurança Pública.
Dois pontos cruciais merecem observação na Ordem Militar: a impropriedade na destinação do Conhecimento e a incapacidade de visão holística decorrente da reformulação do Curso de Formação de Oficiais.
O primeiro ponto aqui delimitado, como a impropriedade na destinação do Conhecimento apenas reforça a tese já alimentada pelo engodo da correlação produto-momento, manifesta-se apenas como parte de um processo sem qualquer compromisso de realimentação do processo é em suma uma componente de uma matriz cujo resultado é apenas a mera formalidade: não agrega; relata o óbvio; atende a vaidades; e não guarda proporção com o Conhecimento. O Corpo de professores não é capaz de construir uma teia simétrica com o matiz de identificar claramente os produtos que interessam à Ordem Militar.
O segundo ponto abordado é a incapacidade de visão holística decorrente da reformulação do Curso de Formação de Oficiais, claramente atende aos conceitos da ideologia de centro-esquerda do Estado Mínimo, onde o bem-estar social se manifesta pela oferta de produtos do Estado ao custo mínimo — para o Estado; e ao preço máximo — impostos —para o cidadão.
Foi revestido de uma incapacidade vinculante a uma lei que determinava o curso superior de direito — como argumento de uma carreira jurídica que constitucionalmente não o é — pois a essência da função é administrativa. Não atende ao judiciário e nem se vincula ao judiciário nem mesmo é parte do Ministério Público. Daí ser uma função do Executivo e o executivo é em essência administrativo.
Uma incapacidade de visão corroída pelo sentimento de algo que não faz parte do pertencimento da Ordem Militar — a capacidade de formar os seus próprios profissionais a partir de uma matriz endógena, como o é na Ordem Religiosa. Delongar é desnecessário, mas os valores, as virtudes, os elementos de moral, de legal e de ético se perdem no caminho que se faz atalhar e que não agrega o real significado de Ordem — uma irmandade.
A Ordem Filosófica, na sua análise, fica em essência, a cargo de cada um dos que a compõe, afinal são do direito privado. Seus membros não se prendem à prestação de contas à sociedade e respondem como pessoa singular ao ordenamento jurídico do Estado-Nação. Qualquer manifestação que se construa não é legítima, não se enquadra na livre manifestação do pensamento, será apenas opinião susceptível de reparação e assim o sendo é contrária ao Conhecimento.
Respostas de 2
Excelente texto!
Está muito claro que um chefe de ordem religiosa e/ou Estado, age como usurpador, ao impor suas escolhas pessoais sobre leis e costumes seculares estabelecidos. Os riscos são perda de credibilidade, respeito, seguidores… e, por fim o surgimento de uma anomalia, sem autoridade.
Instituições precisam aprender a lidar com a facilidade do acesso à informação. Tal acesso não permite mais o controle e doutrinação, de acordo com “vontades pessoais”.
Caro Amigo Antônio Roberto Sá, qualquer instituição que se deixa levar pela personalização dos atos, tende ao fracasso. Obrigado pela assiduidade ao espaço virtual pontopm.com.br.