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O tempo presente e o conhecimento da estratégia

Uma estratégia não é apenas uma definição de hipótese mais apropriada ao enfrentamento de um óbice. Uma estratégia não é, também, apenas uma possibilidade de êxito. Uma estratégia é um jogo de inteligência, onde se constrói uma ficção capaz de descortinar saberes entrelaçados e demonstrar faces ocultas de uma lua nunca iluminada e de um iceberg nunca emergido.

A estratégia é a aceitação da capacidade construtiva de mentes brilhantes.

O estratéga que se mostra vaidoso não serve ao equacionamento das demandas que envolvem o jogo, o estratéga é apenas a mente e como tal não deve ser entendido como alguém a ser conhecido, como alguém a ser nominado, muito menos como alguém a ser reverenciado, o estratéga não deve existir sob as luzes, ele deve sim, existir, na sombra que o ator principal projeta a partir dos holofotes, ele nada é, pois o sendo, corre o risco de se consumir na vaidade e de se deixar ser lido pelos oponentes.

O estratéga é o silêncio das ondas inaudíveis que as fontes emitem para uma perfeita sintonia. O estratéga é, apenas, o estratéga, não necessita de nome, de identidade, de luz, ele existe pela necessidade de existir o ator principal de qualquer projeto, ele é o ator coadjuvante num enredo épico da maestria e da inteligência.

A arte que o estratéga constrói é o corolário do cruzamento de hipóteses, das definições de variáveis, do correto emprego dos questionamentos, da leitura dinâmica dos ambientes e dos atores em movimento, sendo em suma uma capacidade diferenciada de percepções.

O produto da estratégia é a ruptura do clássico entendimento dos pensadores da idade moderna, que se habituando apenas a descrever o poder e suas entranhas, não se aperceberam que a capacidade das ideias não se resume em agradar ao poder que coopta, mas em permitir que não se submeta à retórica desconstrutivista do pensamento.

A estratégia é a única arma que permite o antagonismo, que se valendo do conhecimento alheio, aplica sobre o oponente as técnicas inversas à sua zona de conforto. Traz o oponente para o terreno da incerteza, da dúvida, do conhecimento restrito e das poucas informações disponíveis. Torna o oponente vulnerável ao novo ambiente descortinado e muitas vezes desconhecido.

A estratégia não é uma estrutura que contempla uma lógica de movimento. É muito mais engendrada do que a simples tentativa de querer estruturá-la. À ela, se impões uma dinamicidade como essência de si própria e dos objetivos a alcançar, não sendo possível descrevê-la como se desenha uma tese. A estratégia é ação e movimento. É uma observação participante de um pesquisador que lendo, sentindo, transformando e cruzando as hipóteses, transforma todas as informações numa nova ação.

A estratégia é a leitura de um cenário que permite descortinar o teatro das ideias e debater sobre os saberes. Contrapõe posicionamentos antagônicos buscando o sucesso de um determinado ator.

A estratégia é a arma que se manifesta na política contemporânea como o principal conhecimento capaz de diferenciar conceitos ideológicos e de dissociar dessa mesma corrente, ideólogos e filósofos que desconstróem a capacidade do homem de entender plenamente o conceito de comoção social. Aqui entendido como o homem dissociado de seus valores e de suas virtudes que passa a aceitar a anomia como conceito recorrente e assim na expectativa de maximizar seus objetivos se deixa subjugar pela retórica.

A estratégia é a diferença que permite ao homem sobrepor ao Estado e se defender da tirania na imediata proporção que defende a democracia.

Respostas de 2

    1. Herbert, obrigado pela manifestação, usufrua deste espaço virtual pois a sua concepção destina-se aos homens que buscam o bem comum.

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Sobre o(a) Autor(a):

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Carlos Alberto da Silva Santos Braga

Major PM Carlos Alberto da Silva Santos Braga, natural de Bom Despacho - MG é Aspirante-a-Oficial da Turma de 1987. Ingressou na PMMG no ano de 1982, no Batalhão de Polícia de Choque, onde fez o Curso de Formação de Soldados PM. É Especialista em Trânsito pela Universidade Federal de Uberlândia e Especialista em Segurança Pública pela Fundação João Pinheiro. Durante o serviço ativo como Oficial na PMMG - 1988 a 2004 - participou de todos os processos estruturantes do Ensino, Pesquisa e Extensão. Nos anos de 1989 e 1990 participou da formação profissional da Polícia Militar do então Território Federal de Roraima durante o processo de efetivação da transformação em Estado. Foi professor da Secretaria Nacional de Segurança Pública nos Cursos Nacionais de Polícia Comunitária. A partir de 2005, na Reserva da PMMG, trabalhou como Vice-Diretor da Academia de Polícia Integrada de Roraima - Projeto da SENASP - foi Membro do Conselho Estadual de Trânsito de Roraima, Membro do Conselho Diretor da Fundação de Educação Superior de Roraima - Universidade do Estado de Roraima, Coordenador do Curso Superior de Segurança e Cidadania da Universidade do Estado de Roraima. Foi Superintendente Municipal de Trânsito de Boa Vista, Superintendente da Guarda Civil Municipal de Boa Vista, Assessor de Inteligência da Prefeitura Municipal de Boa Vista e professor nos diversos cursos daquela Prefeitura. Como reconhecimento aos serviços prestados ao Município de Boa Vista e ao Estado de Roraima foi agraciado com o Título de Cidadão Honorário de Boa Vista - RR e com a Medalha do Mérito do Forte São Joaquim do Governo do Estado de Roraima. Com dupla nacionalidade - brasileira e portuguesa - no período de fevereiro de 2016 a outubro de 2022, residiu em Braga - Portugal onde desenvolveu projetos de estudos na área do Conhecimento. Acadêmico-Correspondente da Academia Maranhense de Ciências Letras e Artes Militares - AMCLAM.