Ao se indagar qual é a nossa geração dentro do conceito temporal, verifica que se encontra nas bases do pensamento econômico, sustentadas pelos estudos de Adam Smith. Definiu-se, então, como regra para determinar as gerações e a recomposição da força de trabalho um quarto de século. Assim, até hoje, quando se fala em gerações o limite temporal que nos vem à nossa mente é de 25 anos.
Isso não quer dizer que quem nasceu há 25 anos passados já não pertence à geração atual, pois passado um dia dos 25 anos do limite temporal, a geração atual é outra. Isso é um equívoco interpretativo, ou seja, uma falácia.
A minha, a sua, a nossa geração não se define como a minha, a sua, ou a nossa classe de formatura, um ano é um marco e não uma geração. Dar nomes, criar esteriótipos, ou ainda, qualificar uma geração pelas ferramentas disponíveis num mundo do conhecimento é a maior das hipocrisias, só faz sentido para quem formulou o conceito e os pares que o validaram num mundo de pura retórica, contingenciada pela necessidade de atribuir um nome.
Uma geração, do ponto de vista de geração de riqueza e reposição da força de trabalho, como argumento conceitual da riqueza das nações é sim de 25 anos, mas não se aplica ao momento atual porque a sua concepção conceitual foi numa época de condições de trabalho, vida e salubridade eram próprias daquele momento.
A nossa geração sob o prisma tempo conceitual é aquela que passa pelos mesmos dilemas, enfrentando-os com os mesmos conhecimentos, com as mesmas habilidades e com as mesmas ferramentas, encontrando ao final uma mesma lógica na sua solução.
Facilmente explicável quando se aborda algo comum a todos nós, como por exemplo a formação para a vida. Numa imagem simples, vamos admitir como hipótese a vida escolar, com os nove anos do ensino fundamental e os três anos do ensino médio. Nesses 12 anos, tanto o entrante como o finalista vivem o mesmo modelo de produção do conhecimento, com as mesmas regras, os mesmos recursos e o mesmo direcionamento construído a partir das políticas públicas de educação. Mesmo sendo uma instituição particular, as diretrizes são estabelecidas pelo poder público, pois o objetivo é a qualificação para o ensino superior.
Ao ingressar no ensino superior, ou mesmo no ensino profissionalizante, o foco será vencer aquela fase de formação, encontrar um bom estágio, ser reconhecido no estágio e acessar o mercado de trabalho e enfim ser um profissional, onde o mérito decorre não mais das políticas públicas de educação, nem do intercâmbio mercado de trabalho e escola e nem tampouco dos processos, mas sim da sua capacidade de entender o mundo – habilidade e competência.
Não é um processo fácil e acaba por consumir outra parte das nossas vidas, de forma clara e ao olhar para os nossos lados perceberemos que já não são apenas 25 anos, a idade já se passou e ainda não reproduzimos, as estatísticas dizem isso, os censos reforçam isso e a história oral de cada um de nós confirma isso.
Sim, 25 anos não definem mais as gerações, o que as definem são os problemas próprios de cada sociedade em lugares, condições de desenvolvimento, capacidade de manutenção da vida e do capital intelectual, respeito pela natureza e produção de alimentos e principalmente com o ser humano, algo muito complexo num mundo das informações que, invariavelmente, não se preocupa com a verdade necessária – aquela que filosoficamente trata da origem.
As gerações de hoje são produtos do momento que vivemos, obviamente que os não-esclarecidos, os incapazes, os não habilitados ao conjunto das informações e os cerceados de direito de aprendizagem, não têm culpa das consequências decorrentes, exceto se o fazem por manipulação ideológica, por manipulação dos meios de comunicação social, ou ainda por procurar usufruir vantagens que desconsideram a humanidade e validam apenas a sua mais-valia, outra abordagem do pensamento econômico.
Em suma, para qualquer direção que se tende analisar as gerações, dentro do contexto temporal, o ingrediente do Homo Economicus será o cerne da análise, afinal o homem é produto do meio e a barbárie e o progresso são como a roda do tempo, indiscutivelmente, retornaremos à barbárie, para assim alcançar um estágio de progresso mais avançado, com esta abordagem manifestava-se Giambattista Vico no século XVIII, ou seja, nada é novo.
Respostas de 6
Mais um brilhante texto do Major Carlos, como sempre assertivo e atual, o homem infelizmente e produto do meio, parabéns pela explanação.
Meu caro Amigo Faic Aziz, saudades da sua presença, da amizade sincera em momentos incertos da jornada em Boa Vista no Estado de Roraima, as memórias serão a companhia e a constante esperança de buscarmos o melhor para as pessoas que são referenciais em nossa vida. Aqui no espaço virtual PontoPM reencontro os amigos e mantenho acesa a chama da alegria e do reencontro. Obrigado pelas palavras meu Amigo.
Trabalho interessante e atualizado.
Os esclarecimentos referentes ao seguinte texto:”25 anos não definem mais as gerações, o que as definem são os problemas próprios de cada sociedade em lugares, condições de desenvolvimento (…) me ajudaram bastante a entender o cerne da questão .
Parabéns
Meu Amigo Valter Braga do Carmo, cúmplice nas minhas palavras, presença nas minhas metáforas e cirúrgico nas interpretações, sempre nos propomos ao descortinar dos saberes, sem no entanto, desconsiderar as dificuldades próprias de cada um. Falar e escrever requerem compreensão do interlocutor e somente o acúmulo de imagens, que se tornam memórias em nosso cérebro, permitem a exata compreensão. Obrigado por compartilhar comigo o espaço virtual PontoPM.
Que triste situação chegamos. Antes, podíamos definir uma geração por um período e por seus feitos, bons costumes, espectativas…
Hoje, com toda a tecnologia e conhecimento gerados, que poderiam facilitar mais progressos e qualidade de vida, vemos um foguete perder velocidade, apresentar defeitos que não têm peças de reposição… Mesmo assim, lá dentro há música alta, telas coloridas, deleites… e, nenhuma janela.
Bom-dia meu caro Amigo Antônio Roberto Sá, infelizmente é isso que construímos, é isso que somos partes, é isso que outros terão que corrigir os erros, no entanto e, mais uma vez infelizmente, com toda a tecnologia disponível, creio que o resultado será um aparelho para acessar o mundo das informações, uma rede Wi-Fi livre e a ração de cada dia. Quem gerará riqueza? Quem produzirá Conhecimento e não conhecimento? Quem restará, esperará apenas pelo som da trombeta para retornar à caverna. Penso que já lemos isso em alguma distopia. O PontoPM será apenas lembrança de um mundo utópico, onde as pessoas ousavam expressar a sua indignação. Será essa a herança que construímos para a humanidade? Sinceramente é catastrófico.