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Lições que vêm do além-mar

No jornal Diário de Notícias (DN), encontra a postagem “O segredo da Finlândia é todas as escolas serem igualmente boas”.

Foi destacado que “Em Lisboa para participar numa conferência sobre educação, a ministra Sanni Grahn-Laasonen falou ao DN na residência da embaixadora Tarja Laitiainen no Restelo.”

Naquele DN, foi igualmente enfatizado que:

Destacando o respeito da sociedade finlandesa pelos professores e a autonomia de que estes gozam, a ministra da Educação finlandesa admite que com as raparigas a obterem resultados escolares tão melhores do que os colegas do sexo masculino, a preocupação agora no seu país é evitar que o abismo cresça e “procurar formas de motivar os nossos rapazes a estudarem”.

Eis a transcrição, na íntegra, da entrevista publicada:

A Finlândia foi considerada há dias o país mais feliz do mundo, a educação é essencial para essa felicidade?

Claro que sim. Ficámos muito surpreendidos e felizes com o resultado. Celebrámos o nosso centésimo aniversário em 2017 e isso deu-nos uma excelente oportunidade para olharmos para o que alcançámos desde a independência. Passámos de um país muito pobre e distante para o mais feliz do mundo. Estamos no topo de muitos rankings. A educação teve um papel crucial. Estou muito orgulhosa por os ministros que vieram antes de mim terem desenvolvido o sistema de educação finlandês constantemente. Por isso nos tornámos um dos países com um dos melhores desempenhos. O ensino é uma profissão muito popular na Finlândia. Muitos dos nossos jovens talentosos querem ser professores. É uma profissão respeitada. E isso tem uma explicação histórica. Antigamente, havia pequenas comunidades muitas vezes com um só professor para ensinar as crianças. Quisemos dar a cada criança igualdade de oportunidades. Independentemente do passado familiar. Como mãe, agradeço que a minha filha possa ir à escola mais próxima e que seja tão boa como qualquer outra na Finlândia. Esse é um dos segredos da nossa educação: que todas as escolas sejam igualmente boas e que todas ofereçam a melhor educação.

O respeito pelos professores é um dos segredos da educação finlandesa, outro é dar liberdade às crianças para serem crianças?

Sim. Quase não há exames nacionais e os professores são profissionais com muita formação. Todos têm mestrado. Damos-lhes muita autonomia, de forma a que possam escolher os materiais que usam, os métodos que usam. São eles que decidem como ensinam, onde ensinam. Claro que temos um plano nacional de educação, que foi recentemente renovado, mas os professores têm autonomia e acho que isso nos deu excelentes resultados.

Uma das maiores queixas dos pais em Portugal é o excesso de trabalhos de casa. Como é na Finlândia?

Também temos trabalhos de casa, mas não muitos. E os dias de escola são bastante curtos. Por exemplo, quando a escola começa, aos 7 anos, só têm quatro horas de aulas por dia. Não temos de ter dias longos e muitos trabalhos de casa graças à alta qualidade dos professores. Depois as crianças podem ter passatempos. Não queremos que a nossa escola seja demasiado stressante. Queremos que aprender seja divertido. Muitas escolas oferecem atividades para os alunos, sobretudo os mais novos. E estamos a tentar diversificar a oferta.

O que pode Portugal aprender com o sistema de ensino finlandês? Podemos esperar mais cooperação?

Já cooperamos bastante. O meu colega português do Ensino Superior e Ciência [Manuel Heitor] visitou a Finlândia no início do ano. E eu estou muito feliz por participar nesta conferência, com o sindicato dos professores. No futuro podemos trocar mais ideias e aprender uns com os outros. Estou a fazer contactos e espero que o nosso sistema de educação seja ainda mais aberto e internacional. Há universidades finlandesas que têm acordos com universidades portuguesas.

Direito de voto, primeiras deputadas ainda antes da independência. As mulheres finlandesas sempre foram pioneiras. Isso deve-se muito à educação?

A educação teve um impacto muito forte. Eu, por exemplo, sempre achei que queria ter ambos: uma carreira e uma família. Não havia cedências. Para isso é importante que os pais também assumam as responsabilidades em casa e com os filhos. A Finlândia tem sido muito ativa na construção de uma sociedade igualitária. E espero que isso continue no futuro. Quero viver num país em que a minha filha de 4 anos pode ser aquilo que quiser quando crescer. Não importa se se é rapaz ou rapariga ou em que família se nasceu. Neste momento na Finlândia chegámos ao ponto em que as raparigas estão a ter resultados tão melhores do que os dos rapazes, e estamos preocupados que esse abismo possa crescer nos próximos anos. E estamos à procura de formas de motivar os nossos rapazes a estudar.

Na Finlândia têm uns kits de maternidade que incluem, entre outras coisas, três livros, um deles para o bebé. Nunca é cedo de mais para começar a educar uma criança?

Não. E segundo as últimas investigações, é importante começar a ler para a criança ainda antes de esta nascer. É importante começar cedo. Nós temos este kit de que estamos muito orgulhosos. É uma forma de apoiarmos as jovens famílias e encorajá-las a ler, o que é importante mais tarde para a criança. Quando uma família está à espera de um bebé, receber o kit é um momento maravilhoso. Traz roupas, fraldas e outros produtos para o bebé.

Têm exportado esta ideia. Há países interessados no kit?

Sim. Vários países já se mostraram interessados (México, uma experiência no Canadá).

Em 2016 lançou uma campanha contra o racismo e o discurso de ódio. Estes são novos desafios da educação?

Sim. Temos discutido muito isso a nível europeu. Temos de combater juntos o populismo, mas também as redes sociais, que dão cada vez mais espaço aos discursos de ódio. Temos de educar os jovens para pensarem de forma crítica.

Comentários postados

Até o momento da edição deste post, foram localizados os seguintes comentários:

Funciona. porque á dinheiro, moral, e não têm apendices ou parasitas sociais e os politicos dão o exemplo correcto, e não a imagem de irem, para o poder e encherem os bolsos á custa do erario publico, a ‘CHICA ESPERTICE’ é louvada e a moral em prol do bem comum desprezada, o propio povo chula o estado, os politicos chulam o estado, e assim se vai vivendo neste pais…..daqui á Finlândia não são só 4000 Km´s , são 100 anos luz de distancia.

Por exemplo, um filandês não escreve ‘à dinheiro’, mas há dinheiro.

O sucesso parte de baixo para cima. Ora, em Portugal existiam boas condições de sucesso geral, partindo do ensino, porque a pobreza e efeitos vindos ainda da II guerra mundial, teriam sido o ingrediente a explorar, se acaso não se tivessem mantido como governantes vindos do tempo revolucionário, pessoas que apenas sabem protestar, e sem as qualificações ciêntifica e técnicas, que uma boa gestão governativa exige. A modestia é o melhor ponto de partida para o sucesso; só que esse desiderato, tem sido um mal que nos tolhe o desenvolvimente. É como se diz em chinês;’muitos chefes e poucos indios’. Houve tempo em que para compor listas de candidatos a uma Junta de Freguesia, a maior parte dos elementos queriam ser chefes.. encabeçar o grupo. Temos portanto um grande défice cultural, que vem da Escola, porque ela começou mal, quando começou o regime. E, o principal erro que se mantem, tem a ver com o encerramento do ensino para o trabalho: falamos do ensino Técnico (Industrial e Comercial), abolido em 1975, porque alguém meio parvo/s, entendeu e entende ainda, vir a formar em Portugal um país de doutores: e, com isso a felicidade eterna.

A questão é: todos estudam o que lhes apetece, todos têm mestrado. Mas sabem fazer alguma coisa? Essa é que é a questão…
O paradigma de exemplo da Finlândia, a Nokia, já era…
Mas continuam a apresentar a Finlândia como o exemplo em educação a seguir…

criancas tem muito stress nas escolas, o que provoca muita ansiedade nos alunos.

O paradigma de exemplo da Finlandia, a Nokia, ja’ era… ou melhor, CONTINUA. So’ o departamento dos telemoveis foi vendido, o resto que e’ muito CONTINUA. O mundo necessita de bons exemplos. SUOMI

Você está 100% errado, não estudam o que lhes apetece. E quem tem mestrado são os professores.Todos! E se sabem fazer alguma coisa? Que pergunta descabida. Sim sabem ensinar, e muitissimo bem….mas entendo que a sua pergunta tem segunda intenção, pelo que, dada a sua ignorância, fico-me por aqui. E essa da Nokia, que já era, mas que continua a ser, demonstra que você não conhece a história dessa grande empresa. Podia ter ficado calado e não dizer asneiras.

Aprendamos com os melhores antes que seja demasiado tarde, uma vez que a conscencialização/educação de um povo leva algum tempo (décadas), já estamos deveras atrasados e sempre à mercê de descontinuidades e novas experiências de planos de educação. Finlândia…Em boa verdade os resultados são passíveis de confirmação e contra factos não há argumentos…

Sra Ministra,não haveria a possbilidade dos professores de Portugal,(não todos) fazerem um estágio com nota,na Finlândia?E já agora para governantes?

Amigos, temos muitas finlândias no nosso país. Escolas que os portugueses desconhecem, projetos que o Estado persegue e até extingue.

aos 3 anos começamos a matar a ‘criança’ que cada um de nós tem dentro, ao colocá-las num infantário das 7h às 19h. Depois continua nos restantes níveis de ensino onde uma criança está enfiada dentro de uma sala de aulas das 8h30m às 18h, com 3 ou 4 intervalos de 15m. Então onde está o tempo para se ser criança, para se brincar?

Isso é só para quem tem os meios para pagar instituições privadas. O ensino básico publico ocupa apenas meio dia, o resto são atividades (quano há).
A pergunta que deixo sempre é, e qual é a escolha num contexto em que o país trabalham horas a fio? É que ninguem pensa nessa parte!

O que a senhora ministra não conta é o resto, o que se passava nos anos 70 e 80. É politica e sabe vender o peixe. Também andaram a comer os juros que a tralha financeira andou aqui a mamar. Sabem muito.

[…]

Com as informações do DN

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Sobre o(a) Autor(a):

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Isaac de Souza

(1949 _ _ _ _) É Mineiro de Bom Despacho. Iniciou a carreira na PMMG, em 1968, após matricular-se, como recruta, no Curso de Formação de Policial, no Batalhão Escola. Serviu no Contingente do Quartel-General – CQG, antes de matricular-se, em 1970, e concluir o Curso de Formação de Oficiais – CFO, em 1973. Concluiu, também, na Academia Militar do Prado Mineiro – AMPM, os Cursos de Instrutor de Educação Física – CIEF, em 1975; Informática para Oficiais – CIO, em 1988; Aperfeiçoamento de Oficiais – CAO, em 1989, e Superior de Polícia – CSP, em 1992. Serviu no Batalhão de RadioPatrulha (atual 16º BPM), 1º Batalhão de Polícia Militar, Colégio Tiradentes, 14º Batalhão de Polícia Militar, Diretoria de Finanças e na Seção Estratégica de Planejamento do Ensino e Operações Policial-Militares – PM3. Como oficial superior da PMMG, integrou o Comando que reinstalou o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos, onde foi o Chefe da Divisão de Ensino de 92 a 93. Posteriormente secretariou e chefiou o Gabinete do Comandante-Geral - GCG, de 1993 a 1995, e a PM3, até 1996. No posto de Coronel, foi Subchefe do Estado-Maior da PMMG e dirigiu, cumulativamente, a Diretoria de Meio Ambiente – DMA. No ano de 1998, após completar 30 anos de serviços na carreira policial-militar, tornou-se um Coronel Veterano. Realizou, em 2003-2004, o MBA de Gestão Estratégica e Marketing, e de 2009-2011, cursou o Mestrado em Administração, na Faculdade de Ciências Empresariais da Universidade FUMEC. Premiado pela ABSEG com o Artigo. É Fundador do Grupo MindBR - Marketing, Inteligência e Negócios Digitais - Proprietário do Ponto PM.