“‘Exposição é dolorosa, mas necessária’ , explica a Odebrecht, em carta a funcionários”.

O Jornal do Comércio de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, publicou, no início da noite dessa terça-feira (18), uma reportagem destacando que:

Odebrecht diz em carta a funcionários que ‘exposição é dolorosa, mas necessária’

Em meio ao furacão das delações de 77 executivos e ex-executivos da companhia, a Odebrecht enviou carta a seu quadro de funcionários pedindo a todos “compreensão”. A empresa diz que a “exposição negativa” – a partir dos depoimentos de seus próprios dirigentes e ex-dirigentes que revelam uma longa rotina de fraudes, desvios, corrupção e práticas ilícitas em geral -, é “dolorosa, mas necessária”.

“Nós precisávamos passar por isso”, diz o texto.

A Odebrecht assinala aos funcionários: “Seria impossível reconstruir a empresa que queremos para o futuro sem enfrentar a realidade de fatos ocorridos anteriormente e que só agora vocês e a sociedade passaram a conhecer.”

A empreiteira destaca que os relatos de seus principais executivos querem “reconhecer erros, pedir desculpas, pagar pelos crimes cometidos e indicar outros responsáveis com apoio de provas”.

Leia a íntegra da carta:

Prezado(a) Integrante Nos últimos dias, dezenas de executivos e ex-executivos da Odebrecht aparecem em todos os tipos de mídia relatando fatos que antes estavam sob sigilo judicial e que, pela gravidade e abrangência, estão surpreendendo a todos, inclusive aos nossos Integrantes. Peço que entendam este momento como resultado do compromisso que a Odebrecht assumiu um ano atrás, ao anunciar que faria o que chamou de “colaboração definitiva com as investigações da Operação Lava Jato” (Comunicado Compromisso com o Brasil, 22/3/2016). Foi uma opção consciente, com objetivos muito claros: a) Reconhecer erros, pedir desculpas, pagar pelos crimes cometidos e indicar outros responsáveis com apoio de provas; b) Reconstruir a empresa em padrões de ética, integridade e transparência; c) Contribuir para a construção de um Brasil melhor, em que as relações entre empresas privadas e o setor público ocorram sem corrupção. As revelações têm a profundidade agora demonstrada porque a Odebrecht ofereceu todas as condições para que os 77 colaboradores que prestaram depoimento à Justiça estivessem absolutamente tranquilos em relação à própria sobrevivência e à de suas famílias. Foi assim que puderam fazer os seus relatos com segurança e da forma mais ampla, detalhada e espontânea possível. E foi sobretudo graças à colaboração deles que a Odebrecht, como pessoa jurídica, assinou em 1º de dezembro do ano passado um Acordo de Leniência com o Ministério Público Federal e com as autoridades dos Estados Unidos e da Suíça. Nesta segunda-feira, 17/4, tivemos a boa notícia de que a Justiça americana confirmou esse Acordo, reconhecendo os nossos limites de pagamento de multas, definidos por uma empresa de auditoria independente. Isso significa que não há restrição de qualquer natureza para a atuação da Odebrecht nos Estados Unidos Lá, um Acordo de Leniência assinado com o Departamento de Justiça não é questionado nem precisa ser validado por qualquer outra instituição pública. Esta etapa de tanta exposição negativa para a Odebrecht é dolorosa, mas necessária. Nós precisávamos passar por isso. Seria impossível reconstruir a empresa que queremos para o futuro sem enfrentar a realidade de fatos ocorridos anteriormente e que só agora vocês e a sociedade passaram a conhecer. Peço desculpas aos nossos Integrantes pelos constrangimentos que os relatos dos colaboradores estão causando a vocês e às suas famílias. Gostaria que observassem menos as interpretações superficiais e às vezes agressivas de analistas sobre o comportamento de um ou outro colaborador. Atentem mais, por favor, para o conteúdo dos depoimentos. Eles exibem as nossas entranhas. Mas o conjunto de relatos também expõe ao público um retrato inédito da atuação de governantes e políticos no nosso país. Estamos fazendo a nossa parte para mudar esta situação. Sabemos que o nosso presente já é diferente. Vocês têm participação efetiva nesta evolução. Temos um novo modelo de governança, com maior número de conselheiros independentes. Aprovamos uma Política de Conformidade mais abrangente e com o mesmo rigor de empresas de capital aberto. Nós todos, na Odebrecht, estamos comprometidos a combater e não tolerar a corrupção, qualquer que seja a sua forma. Este novo modelo de empresa que estamos construindo é monitorado desde o mês passado, inclusive nas movimentações financeiras e contábeis, por especialistas em Conformidade indicados pelo Ministério Público do Brasil e da Suíça e pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Não é uma jornada fácil, tampouco curta. Mas acredito que estamos na direção correta. Os nossos Líderes têm a responsabilidade de promover diálogo aberto e transparente com os seus liderados para que todos os nossos Integrantes estejam sempre informados da nossa transformação. E cada um de vocês deve também provocar esse diálogo. Este é o melhor caminho para superarmos as dificuldades atuais. Conto com vocês. Newton de Souza Diretor Presidente Odebrecht S.A. – Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/04/politica/558038-odebrecht-diz-em-carta-a-funcionarios-que-exposicao-e-dolorosa-mas-necessaria.html)

A Rádio CBN destacou que:
Odebrecht envia comunicado a funcionários com desculpas pela exposição negativa

O texto afirma que o momento é necessário para que a empresa se restabeleça no mercado. A empreiteira pede a compreensão de seus trabalhadores e alega que as delações dos executivos na Lava-jato são parte de uma decisão ‘consciente e muito clara’.

Fonte: texto (Jornal do Comércio RS) e foto e áudio (CBN)

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