Iniciou, em Paris, o Julgamento de Carlos, o “Chacal”, pelo atentado com granada em 1974.

O julgamento do venezuelano Ilich Ramírez Sánchez (67), também conhecido como Carlos, o “Chacal”, começou nesta segunda-feira (13) na capital francesa, segundo a RFI.

Durante 15 dias, um tribunal penal especial, destinado a julgar “atos de terrorismo”, apreciará a acusação contra o autor de um atentado com granada, em Paris, no ano de 1974, que deixou dois mortos e dezenas de feridos.

Noticiou-se também que, “segundo a agência AFP, o réu entrou na sala de audiências sorridente e beijou a mão de sua advogada, Isabelle Coutant-Peyre, com quem se casou em cerimônia religiosa em 2011, antes de saudar aos jornalistas”.

Considerado um “famoso líder do terrorismo internacional dos anos 1970 e 1980, Carlos teria se apresentado, anteriormente, à justiça francesa, alegando ser “um ‘revolucionário de profissão'”. Além disso, Carlos, encontra-se:

[…] preso na França desde sua detenção no Sudão pela polícia francesa, em 1994, já foi condenado duas vezes à prisão perpétua pelo assassinato de três homens em 1975 em Paris, entre eles dois policiais, e por quatro atentados com explosivos que deixaram 11 mortos e 150 feridos em 1982 e 1983, em Paris, Marselha e em dois trens.

Nesta segunda-feira (13), o Chacal “voltou a sentar no banco dos réus desta vez por um atentado cometido em 15 de setembro de 1974: duas pessoas morreram e 34 ficaram feridas na explosão de uma granada lançada no interior da loja Drugstore Publicis, em pleno centro de Paris”. Foi “processado por ‘assassinato e tentativa de assassinato, dano a propriedade e transporte de material de guerra, em relação a um ato terrorista'”, e “agora enfrenta a possibilidade de uma nova condenação à prisão perpétua”.

À revista Al-Watan Al-Arabi, no final de 1979, Carlos teria afirmado ser o o autor do lançamento de uma “granada contra a loja situada na avenida Saint-Germain de Paris. Mas depois, o venezuelano, que cometeu vários atentados em nome da causa palestina, negou ter concedido a entrevista”.

O julgamento de “Carlos, o Chacal” tem sido esperado pelas vítimas daquele ato terrorista, segundo “o advogado Georges Holleaux, que representa 18 das 30 partes civis do processo, entre elas as viúvas dos dois homens mortos no atentado.” As vítimas têm a expectativa de “que Carlos seja declarado culpado e condenado”, a despeito de saberem que “suas feridas jamais fecharão, disse” àquele advogado.

Ilich Raminez Sanchez, conhecido como Carlos “o Chacal” (d), em 9 de dezembro de 2013 em Paris – AFP/Arquivos. Crédito: IstoÉ.

“Qual o interesse em realizar esse julgamento tantos anos depois dos feitos? É algo extravagante”, denunciou a advogada de Carlos, Isabelle Coutant-Peyre, que lembra que seu cliente nega os crimes pelos quais é julgado, em particular os “assassinatos com relação com uma empresa terrorista”.

Os trabalhos da acusação, segundo a RFI, considerarão os seguintes aspectos:

[…] o atentado de Paris está relacionado à tomada de reféns na embaixada da França em Haia. Um comando do Exército Vermelho Japonês (ERJ), braço da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) – da qual Carlos era membro das “operações especiais” – exigia a libertação de um de seus membros, detido no aeroporto parisiense de Orly dois meses antes.

O homem em questão carregava documentos sobre os planos de sequestro, com pedidos de resgates, de diretores de filiais de empresas japonesas estabelecidas na Europa para financiar o ERJ.

Principal responsável pela tomada dos reféns, Carlos teria tomado a iniciativa de lançar a granada em Paris para pressionar o governo francês, tendo conseguido a libertação do detido japonês, que se reuniu em Aden (Iêmen) com os demais membros do comando de Haia.

A acusação se baseia também nos testemunhos de antigos companheiros de estrada de Carlos, entre eles o ex-revolucionário alemão Hans-Joachim Klein, a quem o venezuelano teria confidenciado querer “pressionar para que se liberte o japonês”.

Os investigadores reconstituíram o circuito da granada utilizada no atentado, que pertencia ao mesmo lote – roubado em 1972 em um acampamento militar americano – que os explosivos usados pelos sequestradores de Haia, descobertos em Paris na residência da amante do “Chacal”.

Fonte e fotos: RFI e IstoÉ

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