“A Polícia da Capital” e “Agitações no Rio”.
No acervo da Folha de S. Paulo, encontramos duas reportagens publicadas, no jornal “Folha da Noite”, respectivamente, no dia 2 de Março e 9 de novembro de 1921. Eis o conteúdo das reportagens: 2 de Março de 1921: A polícia da Capital –––– A REUNIÃO DE HONTEM — AS RESOLUÇÕES TOMADAS Reuniram-se hontem, no gabinete de Investigações de Capturas os altos funcionários e auxiliares da Policia desta Capital. Os motivos e resultados dessa reunião já foram amplamente divulgadas pela imprensa. Entre outras coisas, trataram os funcionários da Policia de nomear uma commissão para elaborar um memorial aos poderes competentes, solicitando igualdade de condições com a Policia Militar, quanto á aposentadoria. E’ essa uma pretensão de toda justa porquanto a Força Publica, além de conceder aposentadoria aos 25 annos, isto é, menos 5 annos do que são exigidos dos funcionários públicos a que pertencem os policiaes, ainda dispensa vários favores no caso de invalidez no serviço. Além dessa medida, merecedora de toda sympathia, o sr. dr. Virgilio do Nascimento propoz que fossem lançadas as bases para a organização da Policia Paulista que terá em vista a aproximação de todos os funcionários de policia do Estado e a difusão da cultura technico-policial dos seus membros. Esta ultima resolução virá, sem duvida, concorrer poderosamente [sic] para o aperfeiçoamento individual dos funcionários da Segurança Pública, e, consequentemente, trará um grande e inestimável benefício á collectividade. Na referida reportagem, de 9 de novembro de 1921 destacou-se: AGITAÇÕES NO RIO –––– A CHEGADA DO SR. NILO PEÇANHA […] As violências da policia, fazendo ilegível a torto e a direito, ilegível o úmero [número?] dos adversários do sr. Bernardes. Pessoas alheias a polícia, arbitraria e violentamente [violentamente] presas, saem da policia, manifestando a sua indignação contra os bernardistas e contra o sr. Bernardes. Entre as autoridades que fazem serviço na Avenida há muitas que são contrarias ás ordens do chefe de polícia de atacar o povo. Os jornais bernardistas continuam guardados pela policia, havendo também patrulhas de cavalaria de prontidão nas ruas próximas. _______ SOLDADOS E OFICIAIS FERIDOS Rio, 9 (F.N.) — A “Gazeta de Notícias” diz saber que estão feridos, da policia militar, quatorze soldados e três oficiais, entre estes o coronel Paixão, comandante da cavalaria, o qual recebeu uma pedra na cabeça. Fonte: Acervo da Folha de S. Paulo. Foto: Crédito – SL.
Iniciou, em Paris, o Julgamento de Carlos, o “Chacal”, pelo atentado com granada em 1974.
O julgamento do venezuelano Ilich Ramírez Sánchez (67), também conhecido como Carlos, o “Chacal”, começou nesta segunda-feira (13) na capital francesa, segundo a RFI. Durante 15 dias, um tribunal penal especial, destinado a julgar “atos de terrorismo”, apreciará a acusação contra o autor de um atentado com granada, em Paris, no ano de 1974, que deixou dois mortos e dezenas de feridos. Noticiou-se também que, “segundo a agência AFP, o réu entrou na sala de audiências sorridente e beijou a mão de sua advogada, Isabelle Coutant-Peyre, com quem se casou em cerimônia religiosa em 2011, antes de saudar aos jornalistas”. Considerado um “famoso líder do terrorismo internacional dos anos 1970 e 1980, Carlos teria se apresentado, anteriormente, à justiça francesa, alegando ser “um ‘revolucionário de profissão’”. Além disso, Carlos, encontra-se: […] preso na França desde sua detenção no Sudão pela polícia francesa, em 1994, já foi condenado duas vezes à prisão perpétua pelo assassinato de três homens em 1975 em Paris, entre eles dois policiais, e por quatro atentados com explosivos que deixaram 11 mortos e 150 feridos em 1982 e 1983, em Paris, Marselha e em dois trens. Nesta segunda-feira (13), o Chacal “voltou a sentar no banco dos réus desta vez por um atentado cometido em 15 de setembro de 1974: duas pessoas morreram e 34 ficaram feridas na explosão de uma granada lançada no interior da loja Drugstore Publicis, em pleno centro de Paris”. Foi “processado por ‘assassinato e tentativa de assassinato, dano a propriedade e transporte de material de guerra, em relação a um ato terrorista’”, e “agora enfrenta a possibilidade de uma nova condenação à prisão perpétua”. À revista Al-Watan Al-Arabi, no final de 1979, Carlos teria afirmado ser o o autor do lançamento de uma “granada contra a loja situada na avenida Saint-Germain de Paris. Mas depois, o venezuelano, que cometeu vários atentados em nome da causa palestina, negou ter concedido a entrevista”. O julgamento de “Carlos, o Chacal” tem sido esperado pelas vítimas daquele ato terrorista, segundo “o advogado Georges Holleaux, que representa 18 das 30 partes civis do processo, entre elas as viúvas dos dois homens mortos no atentado.” As vítimas têm a expectativa de “que Carlos seja declarado culpado e condenado”, a despeito de saberem que “suas feridas jamais fecharão, disse” àquele advogado. “Qual o interesse em realizar esse julgamento tantos anos depois dos feitos? É algo extravagante”, denunciou a advogada de Carlos, Isabelle Coutant-Peyre, que lembra que seu cliente nega os crimes pelos quais é julgado, em particular os “assassinatos com relação com uma empresa terrorista”. Os trabalhos da acusação, segundo a RFI, considerarão os seguintes aspectos: […] o atentado de Paris está relacionado à tomada de reféns na embaixada da França em Haia. Um comando do Exército Vermelho Japonês (ERJ), braço da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) – da qual Carlos era membro das “operações especiais” – exigia a libertação de um de seus membros, detido no aeroporto parisiense de Orly dois meses antes. O homem em questão carregava documentos sobre os planos de sequestro, com pedidos de resgates, de diretores de filiais de empresas japonesas estabelecidas na Europa para financiar o ERJ. Principal responsável pela tomada dos reféns, Carlos teria tomado a iniciativa de lançar a granada em Paris para pressionar o governo francês, tendo conseguido a libertação do detido japonês, que se reuniu em Aden (Iêmen) com os demais membros do comando de Haia. A acusação se baseia também nos testemunhos de antigos companheiros de estrada de Carlos, entre eles o ex-revolucionário alemão Hans-Joachim Klein, a quem o venezuelano teria confidenciado querer “pressionar para que se liberte o japonês”. Os investigadores reconstituíram o circuito da granada utilizada no atentado, que pertencia ao mesmo lote – roubado em 1972 em um acampamento militar americano – que os explosivos usados pelos sequestradores de Haia, descobertos em Paris na residência da amante do “Chacal”. Fonte e fotos: RFI e IstoÉ
Luta “Ingloria”! Um episódio do ano de 1926.
A reportagem com o título de Luta Ingloria! foi publicada pelo jornal O Globo, em “11 de Março de 1926, Matutina, Geral, página 4”. Foram destacados àquela época, os seguintes subtítulos: Formidável conflito, no Mangue, entre soldados do Exército e da Polícia ********************************************************** Um morto e vários feridos — Tres ruas transformadas em campo de batalha! Eis o conteúdo da reportagem: Contrista muito saber-se que o Exercito novo, o Exercito disciplinado, comta em seu seio soldados da tempera desses que hontem puzeram em sobressalto todo um bairro réles. E’ pungente mesmo, para os que têm obrigação de informar o público, escrever uma notícia dessas para o mundo, dizer que os nossos soldados, os defensores do Brasil, exterminaram-se nas ruas do meretrício, utilizando-se das próprias armas que a pátria lhes confiou para que mantenham a sua integridade. Esses conflitos armados se repetem constantemente e, em consequência, cada vez maior se torna a descentralização da nossa força, que converge assim para a dispersão. E’ fácil imaginar-se a luta que se passa no espirito dos soldados das diferentes instituições em face do choque formidável dessas correntes antagônicas que procuram aniquilar-se estrondosamente como se não fossem filiadas a um só ideal: o de defender a pátria. Por força dessas circumstancias, os tres factores do nosso poder armado: Exercito, Policia e Marinha, vivem em constantes atritos, derramando nas ruas escusas da cidade o sangue que devia jorrar, num lance de santo sacrifício, pelos campos de batalha. E esse ideal sonhado pelos grandes espíritos militares — a coesão e disciplina — morre à porta dos baixos lupanares, num turbilhão de ódio e sangue! °°°°°°°°° A noite de hontem foi assignalada por um desses acontecimentos ruidosos, um verdadeiro combate em plena via publica. De súbito, irrompeu enorme tiroteio na rua Affonso Cavalcanti, entre Pinto de Azevedo e Pereira Franco, onde áquela hora, era grande o movimento, esse desfile de todos os dias, em que predomina a farda. Os estampidos, numa sequencia alarmante, ecoavam no espaço, num ruído ensurdecedor. Em pouco, entrincheirando-se nas sarjetas e nos postes, foram surgindo novos atiradores. Um grande arsenal despejavam, então, projectis a esmo. Ouvia-se, até, o ronco impressionante do fuzil e do mosquetão ! E em meio da rua, num aglomerado sinistro, disputava-se corpo a corpo, sabre contra sabre! As mulheres que, até agora, sorriam para os que passavam, bateram as janellas de suas habitações e fugiram para o interior. Aquellas casas, portas e janellas trancadas, algumas ás escuras, pareciam mergulhadas num somno profundo, indiferentes ao barulho infernal da rua. Já havia combatentes estirados nos passeios e ouviam-se gemidos impressionantes. A cavallaria passava, no estrepito da carga. °°°°°°°°° Assim que teve sciencia do que se passava naquelas ruas, o commissario Barbosa, em serviço na delegacia do 9° districto, communicou-se com o 3° delegado auxiliar, requisitando socorros urgentes. Foram enviadas, então, em auto-caminhões, forças embaladas da Policia Militar, que fez seguir, também, para o local numerosa força de cavalaria. O ataque aos turbulentos foi feito, então, de acordo com os 3° e 4° delegados auxiliares e Dr. Cobra Olyntho, delegado do 9° districto, auxiliados pelo commissario Ribeiro Osorio. Emquanto se providenciava para a remoção dos feridos e de um soldado já morto, eram colocadas patrulhas nas embocaduras das ruas, sendo, assim, effectuadas varias prisões. Estava, pois, o Mangue transformado em verdadeira praça de guerra. °°°°°°°°° Serenados, afinal os ânimos, poderam ser identificados o morto e alguns feridos, tendo outros fugido á acção das autoridades. O soldado que pereceu tão tragicamente era o cabo Feliciano Barbosa da Paixão, do 4° esquadrão de cavalaria da Policia Militar. Esse infortunado militar era sobrinho do coronel Paixão, daquela corporação e nada tina com o conflicto, pois não estava de serviço e por ali passava simplesmente rumo da sua casa. Bom soldado, rapaz de família distincta, Feliciano era muito estimado entre os seus colegas, razão porque todos sentiram profundamente a sua morte. O cadáver do pobre militar foi removido para o necroteio, de onde sairá o seu enterro, hoje. °°°°°°°°° Apesar de serem inúmeros os feridos em consequência do formidável conflito, a policia do 9° districto só recebeu da Assistencia os nomes dos seguintes: Francisco Gomes Sobrinho, brasileiro, pardo, praça da 1ª companhia de estabelecimento do Exercito, ferido na mão e na cabeça; Felippe Pereira de Souza, soldado n. 1.213, da 6ª companhia do 2° batalhão do 3º regimento de infantaria, ferido na região superciliar esquerda, tendo também escoriações pelo corpo; Albertino Alves dos Santos, preto, de 26 annos, solteiro, soldado n. 21 da 1ª companhia de Administração e José Francisco Maria, preto, de 26 annos, solteiro, soldado da 1ª companhia de estabelecimento, ferido na região fronto-occipital e com escoriações pelo corpo e João Gomes da Silva, n. 22 da 1ª companhia do regimento de Fuzileiros Navaes. A policia do 9° districto, no inquérito desde hontem aberto, apurou que a causa do conflito foi terem alguns soldados do Exercito, embriagados, disparado vários tiros a esmo, na rua Affonso Cavalcanti, matando o Cabo Feliciano. Vendo o seu colega morto, algumas praças da Policia entraram em luta com os atiradores, estabelecendo-se dahi a impressionante peleja. °°°°°°°°° Depois de medicados pela Assistencia, os militares feridos foram internados no hospital das suas respectivas corporações, onde se acham presos. Os que a policia deteve foram remetidos, também para as unidas a que pertencem. Fonte: Acervo de O Globo. Foto: Panoramario.