Braga é a mais antiga cidade de Portugal. Criada antes de Cristo, pelos Romanos, que a dedicaram a Augusto César, está localizada no norte de Portugal, na Região do Minho em alusão ao Rio homônimo que divide Portugal e Espanha. É uma região com uma paisagem verdejante, terra do Vinho Verde e de romarias seculares onde o povo reza, canta e dança com uma alegria contagiante. Nela, o povo é carinhosamente conhecido por Minhoto ( que, para Caldas Aulete, é a “pessoa nascida ou que vive no Minho”. Assim, em Braga, os minhotos celebram, anualmente, a festa de São João de Braga.
Nas muitas tradições, evidenciam-se os usos e costumes, Sobre eles, muito se poderia dizer, assim como dos trajes: os famosos trajes Minhotos — particularmente os das mulheres — sem esquecer os “lenços dos namorados”. Braga, além de ser a mais antiga cidade de Portugal, é, também, a terra onde se brinca o Vira, a Chula (Minhota) e o Malhão, entre outras danças populares e tradicionais.
Em 1144, a Santa Sé, através do Papa Lúcio II, pela bula Devotionem tuam, de 1 de Maio de 1144, aceita a vassalagem, o censo e a doação do território e dá a D. Afonso Henriques, o título de “dux Portugallensis“, sendo portador da Carta, Dom João Peculiar, Bispo de Braga.
Contam as tradições da Igreja Católica em Braga que as distâncias entre a Santa Sé e a cidade de Braga no, norte de Portugal, foram vencidas por Dom João Peculiar e que no dia de São João, 24 de junho daquele mesmo ano, foi entregue a D. Afonso Henriques o documento da Santa Sé que antecede à Carta da Criação do Estado Português, que se deu em 1179, sendo considerado o mais antigo Estado do mundo .
Surge a partir de então, um sentimento de reverência ao Santo da Igreja Católica, que nas palavras de Cristo é o maior Homem nascido de Mulher. São João é o único Santo da Igreja Católica que se comemora a data de nascimento – 24 de junho – e a data do martírio – 29 de agosto.
A festa de São João de Braga difere das restantes festas sanjoaninas de Portugal pela sua história, tão antiga, grandiosa e memorável, feita pelas pessoas da sua comunidade. Uma festa que preserva e revitaliza a identidade histórica e social dos festejos sanjoaninos de Braga, promovendo e afirmando as tradições e a etnografia da cidade como reflexo da alma bracarense.
Nascidas em 1150, data em que é fundada uma igreja dedicada ao São João na cidade de Braga, foi ao longo dos tempos as festividades que se afirmaram como uma das festas de São João que mais pessoas envolvia, sobretudo em número de espectadores.
As festas de São João de Braga são conhecidas pelo seu caráter de romaria, evidenciado na noite de 23 de junho. A maior noite do ano arranca com um cortejo, que em tempos era sinônimo da espontaneidade da comunidade bracarense. Em 1893 foram unificados os dois festejos sanjoaninos existentes até então na cidade: os do São João da Ponte e do São João do Souto.
Se o primeiro tinha como característica principal a realização de uma feira franca, que acontecia na envolvente capela de São João, o segundo juntava às habituais celebrações religiosas uma procissão, onde o cortejo sanjoanino com a Dança do Rei David e o Carro dos Pastores eram os protagonistas.
Com atividades onde o profano se fundia com o religioso, a Corrida do Porco Preto converteu-se num dos momentos mais importantes do calendário sanjoanino de Braga, a que se juntaram, já no século XVIII, os mascarados e bailes bíblicos.
Em tempos, os romeiros da cidade, vindos das zonas mais rurais de Braga, juntavam-se no centro histórico de Braga e rumavam, por entre cantares e danças, até ao Parque da Ponte, onde, como devotos que eram, rendiam homenagem ao São João. A caminhada festiva era feita por homens e mulheres trajados dos pés à cabeça, com oferendas que levavam ao Santo Precursor e nem os instrumentos musicais ficavam para trás.
Atualmente, recriando a tradição, o cortejo das Rusgas – Grupos Folclóricos que mantêm a tradição das danças, músicas e trajes da Região do Minho – tem-se o Desfile Etnográfico da Festa de São João de Braga com a sua concentração no Campo da Hortas e saindo da zona do Arco da Porta Nova segue depois pela rua D. Diogo de Sousa e rua do Souto, terminando na Avenida Central o epicentro da romaria, juntando os mais diversos grupos culturais da cidade no arranque da noitada de São João onde as marteladas e os alhos porros não faltam.
As festas de São João de Braga acabaram por se confirmar como as festas maiores da cidade de Braga, vendo o número de eventos, de instituições, de pessoas envolvidas e de espectadores crescer ano após ano.
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Fontes consultadas:
Arquivo Nacional Torre do Tombo.
Associação das Festas de São João de Braga.
Igreja Católica em Braga
Respostas de 2
Belíssima descrição histórica e da rica festividade, por um novo e apaixonado “Minhoto”.
Meu amigo Antônio Roberto Sá, obrigado pela manifestação de carinho para com esse minhoto, o espaço virtual Pontopm, permite, a nós todos, um pouco da cultura que se manifesta no mais antigo São João do mundo, sou feliz por organizar essa memória – que não é inédita – mas apaixonada.