Ao funcionário público ou privado, falar e escrever bem são indispensáveis!

“Seja qual for a nossa profissão – ensina mestre Aires da Mata Machado – sempre lidamos com a palavra, ora falando, ora escrevendo. E, quanto melhor o fizemos, maior será naturalmente a nossa eficiência.”

O texto ora destacado é do Coronel PM, Professor e Escritor Jair Barbosa da Costa que nos legou ensinamentos preciosos sobre o falar e o escrever bem! São ferramentas indispensáveis a qualquer profissional que lida diretamente com o público.

Ainda nesses tempos, em nosso meio, o dileto Professor Jair continua um incansável escritor. Cada livro seu, cada discurso, continua sendo fonte de lições importantíssimas para os profissionais de polícia ostensiva e preservação da ordem pública.

Uma dessas lições, transcrita a seguir, é, agora, compartilhada com o(a) leitor(a) comprometido(a) com o enriquecimento profissional por intermédio da nossa Língua Portuguesa.

Linguagem e Público

 

A linguagem é a carta de apresentação, ou a fotografia de corpo inteiro de qualquer pessoa. Por isso, as empresas realizam entrevistas com candidatos a emprego, principalmente se o cargo envolve relacionamento direto com o público, a fim de avaliar seu desempenho na comunicação interpessoal.

Costumamos referir-nos a uma repartição pública, oficial ou privada, conforme o tratamento espelhado na linguagem de seus funcionários. Não raro, tecemos elogios ao modo com que nos recebem os funcionários mais simples, e lamentamos a falta de lhaneza, sobretudo de linguagem, dos mais graduados. A estes, é comum a indisposição para o tratamento direto com o público. Falta-lhes essa afabilidade que nasce e emerge da linguagem articulada, no contexto falante-ouvinte, vivificado pela expressão fisionômica dos comunicantes – o estado de espírito vindo à flor dos olhos e do semblante como um convite ou um assentimento ao diálogo.
“Seja qual for a nossa profissão – ensina mestre Aires da Mata Machado – sempre lidamos com a palavra, ora falando, ora escrevendo. E, quanto melhor o fizemos, maior será naturalmente a nossa eficiência.”(1)

Vivemos, entanto, sob o império universal da informática e da prepotente comunicação visual. A primeira metamorfoseia todas as linguagens em se código específico, essencialmente numérico; a segundo, às vezes agressiva, reduz a imagens, o quanto pode, todo o processo comunicacional humano, com o fim de persuadir pelos sentidos. Eis os dois fatos geradores da frieza das relações entre os homens, embora as aparências demonstrem o contrário. É que o veículo televisivo, no comando do sistema comunicacional de massa, cria sobremodo entre os jovens, uma supra realidade, nutrindo o povo de frases feitas e falsos conceitos de paz, amor, liberdade, conforto, cultura, afirmação pessoal, produz clima emocional contagiante na juventude, principal agente-instrumento de consumo, para espetaculoso como o “Rock in Rio”. Em todo esse processo subjaz o ideológico, jamais preocupado com o vazio existencial das pessoas.

Então, não há por que se admirar, em nossos dias, da pouca importância à palavra, seja qual for sua forma de expressão; da pressa inconsciente dos homens para a consecução de seus objetivos. Não se tem paciência para se ouvir o outro. O dedo indicador, quando tanto, costuma constituir a resposta de um funcionário a um consulente.

Um exemplo gritante foi registrado pelo jornalista Paulo Francis, correspondente da “Folha de S. Paulo” em Nova Iorque, sobres a “entrevista” de um alto funcionário do Governo Federal acordando em torno da dívida brasileira com os banqueiros norte-americanos. Francis pede aos leitores sensíveis que saltem o parágrafo dos chulismos e palavrões utilizados por aquela autoridade de Governo, em missão mais diplomática do que comercial. O Jornalista diz que a imprensa, “por uma delicadeza do tempo das caravelas, transmite em linguagem educada o que os donos do mundo dizem. Na televisão – ressalta Francis – claro, adotam linguagem formal. É por isso que soam tão esquisitos.” (2)

Respeita-se, de certo modo, a indiferença até mesmo de um tipo de indivíduo vezado em, assim que expõe seu ponto-de-vista, dar as costas para o amigo, ou simplesmente ouvinte, que fica “a ver navios”, em decepcionante solilóquio. Todavia, ao homem público, ao funcionário de uma empresa, não se admite o despreparo para o diálogo, em particular com pessoas estranhas a seu ambiente de trabalho, desobrigadas de conhecer suas fobas e neuroses.

(1) In Escrever Certo (vol 1). São Paulo, Boa Leitura Editora S / A, s/d.
(2) “Folha de S. Paulo”, 11-01-85.

Fonte: COSTA. Jair Barbosa da, A força bruta da comunicação de massa: ideologias e linguagens – Belo Horizonte: Vigília, 1985, 70 p.
Foto: Língua Portuguesa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sobre o(a) Autor(a):

Picture of Isaac de Souza

Isaac de Souza

(1949 _ _ _ _) É Mineiro de Bom Despacho. Iniciou a carreira na PMMG, em 1968, após matricular-se, como recruta, no Curso de Formação de Policial, no Batalhão Escola. Serviu no Contingente do Quartel-General – CQG, antes de matricular-se, em 1970, e concluir o Curso de Formação de Oficiais – CFO, em 1973. Concluiu, também, na Academia Militar do Prado Mineiro – AMPM, os Cursos de Instrutor de Educação Física – CIEF, em 1975; Informática para Oficiais – CIO, em 1988; Aperfeiçoamento de Oficiais – CAO, em 1989, e Superior de Polícia – CSP, em 1992. Serviu no Batalhão de RadioPatrulha (atual 16º BPM), 1º Batalhão de Polícia Militar, Colégio Tiradentes, 14º Batalhão de Polícia Militar, Diretoria de Finanças e na Seção Estratégica de Planejamento do Ensino e Operações Policial-Militares – PM3. Como oficial superior da PMMG, integrou o Comando que reinstalou o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos, onde foi o Chefe da Divisão de Ensino de 92 a 93. Posteriormente secretariou e chefiou o Gabinete do Comandante-Geral - GCG, de 1993 a 1995, e a PM3, até 1996. No posto de Coronel, foi Subchefe do Estado-Maior da PMMG e dirigiu, cumulativamente, a Diretoria de Meio Ambiente – DMA. No ano de 1998, após completar 30 anos de serviços na carreira policial-militar, tornou-se um Coronel Veterano. Realizou, em 2003-2004, o MBA de Gestão Estratégica e Marketing, e de 2009-2011, cursou o Mestrado em Administração, na Faculdade de Ciências Empresariais da Universidade FUMEC. Premiado pela ABSEG com o Artigo. É Fundador do Grupo MindBR - Marketing, Inteligência e Negócios Digitais - Proprietário do Ponto PM.
error: Conteúdo Protegido!!