Temos percebido, ao longo dos tempos, uma disseminação de ideias contrárias ao bem comum e ao homem que busca o bem como essência de uma vida. As civilizações que desconsideraram o bem como a essência da vida e deram importância apenas ao bom, ruíram na exata intensidade que se construíram, pois não é possível viver uma eternidade de bondade, sendo apenas possível uma eternidade de benevolência.
O maior de todos os impérios, não se ocupou de bem comum, estruturava-se na bondade do seu imperador em distribuir pão e circo, não se sustentou e na iminência da ruína, apropria-se de uma ideia do bem e da justiça e pela apropriação de uma ideia calcada na possibilidade do bem se buscar pelo próprio esforço que recompensa e possibilita o pão, compreendeu que dar a vara era infinitamente mais justo e proporcionava mais bem do que simplesmente dar o peixe.
Os impérios não se sustentam pelo bem, os impérios se sustentam pela bondade, não a bondade desprovida de interesses, mas a bondade que coopta, torna subserviente o cidadão e demove dele a capacidade de produzir o bem. Mas para que isso ocorra é preciso que a distância entre o benevolente e o bondoso seja corrompida pela ausência de valores e pela primazia da anomia como condicionante da manutenção da subserviência.
Os impérios, assim como as ditaduras, não servem ao homem, se serve deles. O homem perde a sua identidade em função de um projeto, de uma ideologia, de um alinhamento, de um aparelhamento que busca tão somente convalidar o imperador, o ditador, o déspota, seja em Maquiavel, na obra O Príncipe; seja em Hobbes, na obra O Leviatã; seja em Marx, na obra O Capital, seja em Webber, nas suas obras sobre o Método; em todas a essência do tirano, do déspota, do ditador, da retórica como desconstrução da verdade e da legitimação de uma ideia, como forma de subjugar, de tornar refém, de tornar subserviente, de fazer desaparecer o caráter, a moral, os valores e as virtudes.
O que serve ao Homem é a benevolência, é a exata compreensão do pensamento de Saint-Exupéry na sua obra O Pequeno Príncipe; de Montesquieu quando se exprime que buscar o bem é a condicionante da existência do homem; de Dale Wimbrow na obra O Homem no Espelho; e de Platão, Aristóteles e de vários outros filósofos gregos que buscavam incessantemente a ética.
O que serve ao homem não é o bom ou o mau, o que serve ao Homem é a Justiça, é a capacidade de buscar o bem, sem necessariamente, questionar a quem se destina as suas ações. Sou homem e sendo homem, tenha a necessidade de pautar as ações pelo bem da humanidade, pelo bem
O bem é a força que move os homens na construção da sociedade, na construção da história e na manutenção da humanidade. A maior história do bem, encetada numa religião, mostra-nos que não precisa ser bom ou mau, o necessário é ser Justo pois só da justiça vem o bem. O lema da Bandeira do Brasil, traz a essência de um pensamento que clarrifica o bem como primicias, premissas e heranças, pois com o Amor como princípio, a Ordem como base e o Progresso como fim, não assenta, por consequência, outro entendimento que não seja o bem.
Ainda como Cadete, numa Ordem Militar, convivi com uma pessoa que me proporcionou entender o mundo a partir de uma assertiva crítica, obviamente que alguns desconstruíram a minha colocação assertiva crítica, sei que a palavra assertiva já engloba a palavra crítica, mas a escrevi como redundância da capacidade dessa pessoa que me permitiu viver com a ela, como subordinado, naquele momento e pelo resto da nossa essência de Ordem Militar. Me apropriei de vários ensinamentos dela, que se manifestava como pessoa, como homem e como profissional.
Poder ler um estilo de vida, poder buscar encontrar nas palavras de uma pessoa uma verdade factível e poder perceber que essas palavras, que esse estilo, apesar de desconsiderado por muitos, evidenciava algo maior, evidenciava uma ética, não uma ética da profissão, mas uma ética que considera única e exclusivamente o bem. Não o bem de uma classe, de uma ordem, de um nicho, de um conjunto de interesses comuns, mas o bem que redunda em proporcionar à totalidade do pensamento a essência de Dale Wimbrow, não deu tapinhas no ombro; não sorriu para agradar, ao contrário, chorou; não se portou como Judas ou Calabar, ao contrário se mostrou assente em suas ideias, suas convicções e o seu amor ao ideal. O ideal que busca atingir o bem, o bem que finda num novo homem, um novo homem que se torna emissário de uma mensagem valorativa e contemplativa dos verdadeiros valores dos responsáveis pelas forças de segurança nas terras das Minas Gerais.
Essa é a minha singela homenagem ao homem de bem, natural de Bom Despacho, Tenente Coronel Domingos Sávio Mendonça.
Foto destacada: Detalhes do Jardim dos filósofos em Budapeste (Pixabay).
Respostas de 6
Excelente texto.
Destacando o Mendonça, de fato tem sido um guerreiro, na defesa do bem.
Meu caro Roberto Sá, obrigado pela manifestação, somente quem o conhece o dignifica, pois os atos dele são maiores que as palavras. Convido ao amigo para se manter assente a esse espaço virtual. O Pontopm é de todos nós.
Olá Carlinho! Boa tarde! Acabei de ler os dois textos que você postou. Fiquei muito feliz ao ver as mensagens neles contidas. Obrigado por me ajudar a permanecer firme nos meus propósitos e fortalecer a minha esperança de um mundo melhor. Obrigado! Um abraço!
Meu caro José Pinto Ferreira, obrigado duplamente, primeiro por visitar o Pontopm e segundo, mas não menos importante, por permitir que os nossos textos encontrem em você o solo fértil para a produção de mais ideias que nos mostrem o quanto os valores e as virtudes nos fazem pessoas melhores. Obrigado e permaneça junto conosco na contemplação de uma vida verdadeira em atos e ideias.
Nobre e ilustre Carlos. Fico extremamente feliz ao ser privilegiado em poder vislumbrar tão maravilhosa lição de vida. Com natural facilidade, o amigo passeia por entre os pensamentos de célebres filósofos que em muitas de suas obras não conseguem ser tão sintéticos como o fostes agora, para evidenciar o que aparentemente parece óbvio, mas, que em geral é tão difícil de ser colocado em prática. A bagagem e experiência que hoje possuis, torna-se o principal combustível para que continues a propiciar outras aulas. Parabéns meu amigo, como um de seus colegas na Ordem Militar “Academia de Polícia Militar de Minas Gerais”, sinto-me extremamente honrado por sua visão cristalina de conhecimentos e vida, e aqui me quedo aguardando outras obras primas como esta.
Cel PMMA RR Carlos Augusto Furtado Moreira
Presidente da Academia Maranhense de Ciências, Letras e Artes Militares (AMCLAM).
Meu caro Cel PMMA Carlos Augusto, agradeço as palavras, na verdade não pertencem à minha pessoa mas ao conjunto das lembranças que nos fazem buscar o bem. As memórias nos permitem rebuscar novos quadros que eternamente permanecerão em nós. Obrigado por fazer parte das minhas memórias e não deixe de compartilhar conosco, desse espaço digital carinhosamente chamado Pontopm, ele é a manifestação do carinho pelo conjunto de conhecimento acumulado no serviço público, que na formação do capital, tem o nome de Valor Agregado. Bom dia.