“Justiça portuguesa quer que Angola investigue figuras do regime”

A Rádio França Internacional (RFI) divulgou o quanto a Procuradoria-Geral da República de Portugal está preocupada com a situação de Angola. Tanto que remeteu “informações à sua homóloga angolana sobre figuras ligadas ao regime de José Eduardo dos Santos no sentido de ‘se abrir eventualmente uma investigação criminal'”.

As evidências da preocupação portuguesa, além de procedentes, indicam, também, possíveis envolvimentos de “Mirco Martins, enteado do Vice-Presidente angolano, e Zandre Finda, figura que investigadores apontam como tendo ligações com os negócios do general Manuel Vieira Dias ‘Kopelipa’, Chefe da Casa Militar do Presidente de Angola”, destacou a RFI.

E os indicativos do envolvimento desses suspeitos, estão explicados no detalhamento da notícia transcrita a seguir:

De acordo com o Ministério Público português, estas duas figuras são suspeitas de crimes económico-financeiros, pelo seu alegado envolvimento num processo de branqueamento de capitais através de transferências de importantes comissões, junto à transportadora aérea portuguesa TAP pela Sonair, transportadora controlada pela Sonangol, em pagamento de prestações de serviços presumivelmente fictícios. A justiça portuguesa refere que 25 milhões de Euros foram pagos no espaço de 4 anos, até 2013, à TAP por um trabalho de manutenção de aviões, uma prestação que na realidade não terá acontecido.

Parte das comissões terá sido dirigida a um intermediário, uma empresa fictícia, a Worldair, empresa com sede no Reino Unido, com o conhecimento de certos antigos responsáveis da TAP, os beneficiários finais desses eventuais pagamentos sendo designadamente Mirco Martins e Zandre Finda, através de duas entidades sediadas em paraísos fiscais, a Halifax Global Corporation e a Kennex Global, empresas citadas nos “Panamá Papers”.

Estes dois responsáveis cujo nome foi citado noutros casos, Mirco Martins pelos elos com a gestão do Fundo Soberano de Angola e Zandre Finda pelo papel que poderia ter desempenhado em nome do general Kopelipa na compra de 24% do BES Angola em finais de 2009, figuram entre outros nomes em torno dos quais a justiça portuguesa gostaria que a sua congénere angolana investigasse. Contudo, na óptica do jornalista angolano Sedrick de Carvalho do jornal folha 8 que se encontra actualmente em Portugal, o pedido de cooperação do Ministério Público Português tem poucas hipóteses de ser ouvido por Angola.

Fonte: RFI.

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