POLIGAMIA!

(João Bosco de Castro). Às Cinco Mulheres Minhas, Que Ainda As Posso Ter. DÉBORA, és a abelha LIS, a operária De vida vária e de cabeça afeita À vontade virtuosa e ao trabalho!… JANAHINA: a boa ZÁHIDA, de cabeça e de bons modos, Cheia de Apolo e de Dionísio, sem aviso, Que ligas o Mar bramoso ao Paraíso!… BRUNA, que tens o ar inquieto de uma DÁPHNE E do campeão: um vencedor fremente, Que jamais cansou os ossos e não cansa a mente!… ANA, a cordeirinha ̶ tão LÍVIA, a qualquer hora, todo dia, Muito manhosa e coberta de ingresia, Nesta feliz alegoria de soberba: Porque são todas ̶ todas e todas! ̶ Cheias de vida e embevecidas Desta GRAÇA, a mãe DAGÁ, forte guarida, A grande Obreira, audaz e muito arteira, Mas serena, exigente e convencida De que a Vida vale esta vida! ̶ E valerá?!… Oh! Se valerá!… ̶ Oh! Se valeu, inda vale e valerá, Porque me propelem as Cinco à labuta diuturna De trabalho ao trabalho, suor e malho, Peças gentis dum mosaico de retalho!… Filhas e Mãe, a quem amo e amarei, A meu modo travesso e silencioso Aos ouvidos, e ao coração, loquaz, Que refuta a guerra e guarda a paz, Dote capaz de tornar o Homem homem, Neste mercado infeliz de lobisomem!…, Mundo sutil, que ablui o corpo imundo, Para fazê-lo mais são e mais fecundo, Ainda que lhe não respeitem o direito De ser um humano Mundo!… Filhas e Mãe, de quem gosto e gostarei, Deste meu jeito, que rejeito, Pois as amo e amo, tanto, Tanto e tanto, que o meu acalanto Não passa, às vezes, de silentes suspiros, Que não lhes dizem, mas lhes falam uma verdade! E a Verdade fala: Enquanto houver Amor, a Vida exala O hálito perene e tão solene: Que não é mais que a própria vida, Esta nossa, que é só nossa, e a Outra Vida! Bafejo real ou sopro incerto de quimera, Esta Vida une o Outono à Primavera! Belo Horizonte, MG, 12 de setembro de 1.987. JOÃO BOSCO DE CASTRO.

